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Fim do Mundo com os Zapatistas

Ficha 4×1

Data: 20/12/2012 à 21/12/2012

Saímos de: San Juan Chamula – México

Distância total: 705 km

Onde dormimos: Magic Hostel, em Bakalar. Acampamos na frente do hostel e nos permitiram usar o banheiro.

Pneu Cheio: Só os da Tanajura. Tivemos uma tentativa frustrada de chegar à Palenque para o fim do mundo.

Destino final: Bakalar (Palenque:FAIL!) – México

Tempo de viagem: Dia inteiro, quase literalmente.

O que comemos de bom: Comemos besteiras na estrada, nada de bom!

Pneu murcho: Fim do mundo não veio, mas perdemos Palenque. A virada do calendário maia para nós foi regado à muita chuva e zapatistas na estrada.

 

Trajeto: Depois de uma noite em Águas Azuis e dar de cara com os zapatistas em Palenque, mudamos os planos e seguimos pela Mexico 186 sentido Villahermosa, margeando a fronteira com a Guatemala, até a cidade de Bakalar.

Fim do Mundo com os Zapatistas

Fizemos as contas, adaptamos o roteiro e tudo estava encaminhado para passarmos o fim do mundo em plena efervescência mística da cidade maia de Palenque. Só esquecemos de avisar nossos amigos Zapatistas, que aproveitaram a atenção mundial à região naquela data para aprontar para cima dos nossos planos.

Era dia 20 de dezembro de 2012, quando subimos na Tanajura e partimos em direção à Palenque. Como saímos um pouco atrasados de San Juan Chamula, a noite já caía enquanto ainda estávamos a algumas dezenas de quilômetros do nosso destino. Optamos pela precaução, e arriscamos passar a noite em Águas Azuis, uma cidade vizinha à Palenque e que de quebra teria uma bela cachoeira de água azul cristalina. Se o mundo não acabasse nas primeiras horas do dia seguinte, conseguiríamos chegar a Palenque justamente no último dia do calendário maia.

Pagamos cerca de 30 pesos (cerca de R$4.5) por pessoa para acessar o parque. Lá dentro, há pequenos hóteis e uma boa área para camping. Preparamos nossas barracas e ainda tivemos tempo de olhar rapidamente a belíssima cor da água da cachoeira antes que a noite caísse, só esquecemos de sacar as fotos (nos arrependeríamos profudamente disso mais tarde!). Jantamos um peixe e contamos os minutos para dormir.

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Como seria a cachoeira de Águas Azuis, se não chovesse no fim do mundo (foto de aladecuervo.deviantart.com)

Estávamos ansiosos, afinal, não é todo dia que podemos passar o fim dos tempos exatamente aonde toda essa história de fim de mundo começou. Durante nosso trajeto, lemos sobre o assunto. Descobrimos que no fim das contas, é tudo uma questão de interpretação. Muitas pessoas que encontramos na estrada indo à Palenque, estavam felizes com o momento, uma vez que não era o fim do mundo o que esperavam, mas sim o início de uma nova era, a partir do fim de um outro ciclo. Foi exatamente isso que limos de alguns especialistas da cultura maia. O tal do 21 de dezembro de 2012 seria o fim (aproximado) do calendário maia, mas a princípio nada nas escrituras e registros deixados pelos antigos indígenas dá indício de um fim dos tempos. Enfim, se fosse acabar alguma coisa, estávamos no lugar certo, e não poderíamos deixar de conferir.

Era quase meia noite, quando o fim do mundo parecia estar começando. Uma chuva fortíssima caiu sobre nossas barracas. Um temporal acompanhado de vento, que ensopou a barraca e chegou a empurrar água para dentro dela. A chuva durou a noite inteira até de manhã e arruinou nossa esperança de ver a cachoeira sob a luz do dia. Não era hora do mundo acabar ainda, então arrumamos as malas e partimos para ver o que estava acontecendo em Palenque no 21 de dezembro.

Alguns quilômetros na estrada e encontramos um congestionamento. Tudo estava parado! Em um primeiro momento, pensamos que todo mundo teve a nossa ideia de ir para Palenque exatamente neste dia. Mas depois percebemos que o trânsito não se mexia mesmo. ‘Talvez, tenha sido uum acidente”, pensamos. Encostamos em um local e perguntamos o que estava acontecendo. Fomos, então, informados de que nossos amigos zapatistas haviam fechado a estrada em um protesto contra o governo. O acesso à Palenque estava completamente bloqueado naquela estrada! Logo hoje!

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O caos com a estrada interditada

Como comentamos no último post, o movimento zapatista surgiu em meados de 1910, quando Emiliano Zapata uniu um exército revolucionário que lutaria contra o Governo Porfinista (do ex-presidente Porfírio Diaz), que estava no poder há mais de 20 anos. Hoje, o Ejército Zapatista de Liberación Nacional (ou EZLN) é um grupo revolucionário de esquerda, formado principalmente por indígenas que vivem na área rural de Chiapas. Desde 1994, o grupo tem uma guerra declarada ao Estado Mexicano, embora a maior parte de suas ações têm sido não violentas. Os Zapatistas tem o apoio da maioria dos habitantes do estado autônomo de Chiapas, onde a maioria dos habitantes é de origem indígena.

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Poster Zapatista, luta por ‘tierra y libertad’

Algumas horas se passaram antes que encontrássemos o Stefan, um viajante mexicano que havíamos conhecido no camping de Água Azul. Ele estava no contra-fluxo, desistindo de esperar que algo acontecesse por ali. Ele pretendia ir a Palenque também, mas depois de horas parado, reviu os planos e decidiu esticar direto para a península do Yucatán. Refletimos sobre o assunto e decidimos acompanhá-lo.

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E o mundo não acabou

Dirigimos o resto do dia inteiro, passando por vilarejos que nunca ouvimos falar e caminhos bizarros, antes de chegamos na cidade de Bakalar, próxima à fronteira da Guatemala por volta de meia noite. Estávamos exaustos e não tardamos a armar as barracas em frente a um hostel, na rua mesmo. Passamo por um monte de fim de mundo, mas o nosso não acabou. Depois de muita chuva e zapatistas no caminho, sobrevivemos. Acordamos no dia seguinte na bela Laguna de Bakalar, de onde seguiríamos viagem para Cancun.

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O grupo do Stefan, que nos resgatou em Palenque

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A Laguna de Bakalar (foto de panoramio.com)

 

 

 

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