Traducción / Translation


Acompanhe aqui os relatos, dicas, fotos e vídeos da Expedição 4x1 Retratos das Américas!



Spot

IMG_9761

Teresina (PI) – História Inexplorada

Ficha 4×1

Data: 24/06/2012 a 26/06/2012

Saímos de: São Raimundo Nonato – PI (Serra da Capivara)

Destino: Teresina, PI

Distância: 503 Km

Tempo de Viagem: 7h30 (considerando as paradas para almoço, abastecimento e algumas fotos).

Trajeto: Pegamos a Transpiauí PI-140 que depois vira a BR-343. A estrada em geral é muito boa com poucos trechos de dificuldade.

Onde dormimos: Gran Hotel Arrey

O que comemos de bom: Arroz com Capote (ave também conhecida como galinha d’Angola), pirão de galinha caipira e linguiça suína caseira. E como bebida: Cajuína (bebida típica do Piauí) – no restaurante Longá

Pneu Cheio: entrevista com a dona Maria Genovefa de Aguiar Moraes – A Dona Genu Moraes (quanta história!)

Pneu murcho: termos confiado na informação de um turista que nos disse que o Mirante da Ponte Estaiada estava fechado e, por consequência, não o termos visitado.

Algumas horas na estrada e ficavam para trás os últimos resquícios da vegetação seca da Caatinga. A paisagem mudava, tornava-se mais verde. Assim, saíamos do sertão e rumávamos à única capital Nordestina fora do litoral.

Conhecida como a Mesopotâmia brasileira, Teresina é cortada pelos rios Poti e Parnaíba. Em um notório processo de desenvolvimento, a cidade possui excelente índice de IDH e outras boas pontuações que a destacam dentre as melhores cidades em qualidade de vida no país. Não foi à toa, portanto, que por volta das 18h do domingo que chegamos ali, pudemos observar dezenas de Teresinenses caminhando e correndo à beira do rio Poti.

Fundada em 1852, Teresina é uma cidade nova e se tornou capital do Piauí principalmente devido à sua posição estratégica – a despeito e mágoa da antiga capital, Oeiras. Por estar longe do mar, Teresina estaria menos sujeita a ataques e invasões marítimas. Além disso, sua posição geográfica facilitava o escoamento de produtos para as outras também importantes capitais nordestinas (ex: São Luís, Fortaleza, Recife e Salvador). Outro ponto que influenciou na escolha da cidade como capital do estado foi o encontro dos dois caudalosos rios que passam por ali e hoje cortam a cidade.

Caía a noite e, após rodarmos pouco mais de uma hora pela cidade seguindo algumas recomendações, chegamos até o recém inaugurado Gran Hotel Arrey. Ali conversamos com a gerente Edinaira e apresentamos a Expedição 4×1 e nossas intenções na cidade. Muito simpática e atenciosa, ela se interessou pelo projeto e nós conseguimos a hospedagem como cortesia! Ficamos bastante contentess pois, além da estrutura do hotel ser incrível (vide site), ainda dormíriamos em camas (após diversas noites dormindo em barraca)!

Subimos e logo nos acomodamos para poder sair pra jantar. Mas, pouco antes de entrarmos na Tanajura nossa “sorte” na cidade mudaria. Tudo começou quando fomos ao balcão do hotel apenas buscar recomedações para jantar. E, sem que imaginássemos, recebemos um banho de conhecimento e cultura, não só sobre Teresina, mas sobre a história e curiosidades do Piauí, pelo concièrge do hotel, Sr. Édson, que também é professor de Turismo na cidade!

Recomendados pelo Édson jantamos uma deliciosa picanha com Maria Isabel (arroz temperado com carne desfiada) e Paçoca (carne seca desfiada com farofa) no restaurante Piri Piri. E melhor ainda que a comida foi o preço! R$54 incluindo bebidas e o simpático acolhimento do garçom que nos atendeu.

O tempo em Teresina era curto, pois dali iríamos até Jericoacoara-CE. Então na manhã seguinte partimos para a tradicional volta pelos principais pontos turísticos da cidade. Primeiro fomos ao Teatro 4 de Setembro, cuidadosamente apresentado pelos orgulhosos funcionários que fizeram questão de nos levar até aos bastidores!

Dali, e ainda no centro, seguimos para o belíssimo palácio de Karnak, sede do Governo Piauiense.

O Palácio todo branco e muito bem cuidado tem como principal atrativo seu jardim frontal cujo trabalho foi feito pelo famoso paisagista Burle Marx. Conversando com o guarda conseguimos entrar no palácio que ainda detém peças muito antigas e terminamos o passeio na grande sala de discursos do governador, onde a bandeira brasileira posa ao lado da Piauiense.

Saímos do palácio e a poucos metros estava a igreja de São Benedito. A igreja foi construída por escravos e concluída pelos brancos. Dois fatos curiosos marcam a igreja:  o primeiro é que a porta principal, que foi talhada por escravos, foi tombada antes mesmo que a própria igreja; o segundo é que o santo padroeiro – que deu o nome da igreja – foi colocado na parte de fora, pois nenhum branco iria se curvar a um santo negro (hoje o santo já se encontra dentro da igreja).

O final de tarde se aproximava e ainda iríamos ter a melhor surpresa daquela rápida passagem por Teresina. Indicados pelo Édson (estão vendo porque ele mudou nossa sorte em Teresina!) fomos conversar com a simpatssíssima Dona Genu Moraes!

Chegamos ali ignorantes à história do Piauí e da própria vida de Dona Genu. Com algumas perguntas soltas começamos a entrevista. Após alguns minutos e com a ajuda do jornalista Kenard, co-autor de um livro sobre a história do pai de Dona Genu, os detalhes de sua incrível trajetória de vida foram surgindo através de uma conversa bastante descontraída. Dona Genu nasceu em 1927 e era filha de Eurípides de Aguiar, um influente político regional que foi deputado, governador e senador do Estado do Piauí, além de ter sido um dos fundadores e líder influente da antiga UDN (União Democrática Nacional, partido de oposição a Getúlio Vargas).

Sr. Eurípedes era desafeto de Vargas e o presidente, quando em visita à Teresina, ao ter feito um convite para conhecê-lo. Entretanto, nos contou Dona Genu que Vargas ouviu uma irônica recusa, ato extremamente corajoso dado o cenário político da época!! Dona Genu era uma mulher realmente a frente de seu tempo. Ainda jovem e na época residindo em São Luís (MA) foi a primeira mulher presidente do Sindicato dos Jornalistas do Maranhão e anos depois fora convidada a conduzir um programa em um extinto canal de TV. Jornalista carismática e influente, ela se enveredou pela política assim como seu pai, com diversos cargos ligados ao governo do Estado e sendo hoje a ÚNICA pessoa ainda viva dentre os membros ativos da UDN!!! Ficamos mais de 3 horas tendo uma verdadeira aula (principalmente dos anos 50) de alguém que de fato viveu essa história do país e que contava sobre Juscelino (que era como ela se referia ao ex-presidente Juscelino Kubitschek) com muito charme e humor, com estórias como se fosse um amigo da infância! Ah, e sem falar que a conversa foi acompanhada de café e biscoitos carinhosamente oferecidos por dona Genu em sua casa que é um verdadeiro museu vivo – com peças usadas por seus pais e ainda conservadas por ela!

Ao final da entrevista ainda descobrimos que as histórias de Dona Genu e da Dra. Nièdi Guidon (que conhecemos na Serra da Capivara) estavam juntas em um livro que as colocava dentre 10 mulheres de grande destaque na história do Piauí! E nós tivemos a honra de poder conhecê-las pessoalmente e entrevistá-las!!

Terminamos o dia com uma farta janta em um dos mais tradicionais restaurantes de Teresina: o Longá, com 22 anos de existência. Longá é o nome do rio que corta a cidade natal da proprietária do restaurante, sra. Jesus de Carvalho, que nos recebeu com enorme simpatia oferecendo-nos com cortesia os mais tradicionais pratos da casa: Arroz com Capote (ave conhecida por nós como Galinha d’Angola), Pirão de Galinha Caipira e Linguiça Suína Caseira. E para beber a famosa Cajuína (bebida típica do Piauí) feita pelo próprio Longá!

Uma curiosidade sobre o Longá é o fato de dona Jesus ir de vez em quando para São Paulo para fazer o arroz de capote para o deputado Frank Aguiar (que também é Piauiense) em eventos comemorativos!

Antes de irmos embora ainda passamos no ‘Encontro dos Rios’, onde as águas do Poti confluem com as do Parnaíba. Ali fora fundado o primeiro povoado de Teresina. Do outro lado do rio Parnaíba pode-se avistar o Maranhão e sua primeira cidade: Timon. É só cruzar a ponte. E apesar de termos ido de manhã, os Teresinenses recomendam fortemente que a visita ao encontro dos rios seja feita próxima ao por do sol! Infelizmente não tivemos tempo para ver.

Outro tradicional ponto turístico da cidade, mas que devido a uma informação errada que recebemos de um turista não pudemos visitar, foi o Mirante da Ponte Estaiada. A 100 metros de altura ele se encontra em cima da majestosa Ponte Estaiada que corta o rio Poti e proporciona uma vista panorâmica de toda a capital.

No café da manhã, em nosso último dia no Gran Hotel Arrey, fechamos a visita à Teresina com chave de ouro. Acontece que naquela manhã estava ocorrendo o evento oficial de inauguração do hotel, e a imprensa Teresinense estava lá em peso! Para não perdermos a oportunidade estacionamos a Tanajura bem na frente do hotel e não deu outra, a formosa Tana chamou a atenção de alguns jornalistas que logo descobriram que era nossa. Após contarmos nossa história a simpática jornalista Dalyne Barbosa conseguiu colocar uma matéria nossa no maior jornal da região, o ‘Jornal do Meio Norte’ e outra também no site do hotel!

Vejam as matérias aqui:

Jornal o Meio Norte

Matéria no site do Gran Hotel Arrey

O Piauí ficou pra trás, mas carregaremos conosco toda a história de um estado muitas vezes negligenciado pelo turismo e pelo governo brasileiro.

Para mais fotos de nossa passagem por Teresina, clique aqui.

11 Comentários

  • luana Says

    é muito choto dimais eu não perco o meu tempo vocês são todos ums indiota vão casar o qui fazer bando de vagabondos

  • MARIA LEONOR BARTILOTTI Says

    parabens a este grupo jovem e corajoso! agradeço a oportunidade de recordar os bons momentos vividos no piaui… sou baiana mas convivi de perto com esta mulher maravilhosa que se chama jesus carvalho… amizade pra sempre! sucesso 4×1!

    • 4x1
      4x1 Says

      Oi Maria!! Que legal que conviveu com a Jesus, realmente, uma mulher muito inspiradora!!! Ficamos contentes que gostou do nosso relato!! Grande abraço!

  • Melissa Says

    Que demais esses destinos, uma mistura de “Diário de motocicleta” com “Into the wild” mais um pedaço do Brasil incluso! Quem tem planos como esse após formada dá para pegar umas ótimas dicas por aquI! Parabéns pelo site e boas energias pela frente!

    • 4x1
      4x1 Says

      Uma mistura dessa é de dar arrepios!!rs Muito obrigado, Melissa! Ficamos felizes em tentar ajudar o pessoal que busca conhecer esse tipo de aventura! Beijos!

  • Neide Says

    Parabéns pelo relato da viagem. Está muito interessante e instrutivo. Boa sorte e aproveitem a experiência.

  • Grace Says

    Bem bacana! Show de bola!
    Só para vocês saberem, o link para a matéria no site do hotel não está funcionando. Quando tiverem um tempo deem uma olhada! Parabéns pelas conquistas até agora!

  • LAERT Says

    OLHA, ESTÁ TÃO INTERESSANTE OS COMENTÁRIOS, QUE SERIA INTERESSANTE VCS FICAREM SÓ PELO BRASIL, P/ MOSTÁ-LO P/ O MUNDO.
    PS.: COMO CABE 5 MARMANJOS PELUDOS NA TANAJURA????

    • 4x1
      4x1 Says

      Obrigado, Laert! É verdade!! Só o Brasil tem tanto a oferecer que está difícil de sair daqui! Quem sabe não marcamos uma próxima só pelo Brasil mesmo? A gente aperta lá na Tanajura e cabe até mais!rs Abs

Leave a Reply to Melissa Cancel reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Connect with Facebook

You may use these HTML tags and attributes: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>