Ficha 4×1
Data: 06/08/2012 a 08/08/2012
Saímos de: Mérida – Venezuela
Paramos em: Ciudad Ojeda -Venezuela
Destino final: Santa Marta – Colômbia
Distância total: Pouco mais de 750 km (em 2 dias)
Trajeto: De Mérida seguimos em direção Ciudad Ojeda passando por Valera e Agua Viva. Passamos por Maracaibo, San Rafael de el Mojan, Paraguachón já na Colômbia, ate chegar em Santa Marta.
Onde dormimos: Ciudad Ojeda (barracas dentro de um motel), Santa Marta (Hostel La Brisa Loca na primeira noite e barracas alugadas em Cabo San Juan, dentro do parque Tayrona).
O que comemos de bom: Bolinhos de batata fritos, recheados com carne moída. Bom custo benefício.
Pneu Cheio: O campinho de futebol em Cabo San Juan, dentro do parque Tayrona, que permitiu que tivéssemos nossa segunda partida de futebol, integrando pessoas de diferentes paises com uma mesma paixão.
Pneu murcho: O preço cobrado para turistas de outros de países entrarem no Parque Nacional Tayrona, quase três vezes mais caro que o cobrado para colombianos.
Fronteira Venezuela – Colômbia e Santa Marta
Saímos de Mérida numa tarde com objetivo de cruzar a fronteira com a Colômbia no dia seguinte. Passamos a noite em Ciudad Ojeda, num motel de beira de estrada depois de termos tentado ficar de graça no estacionamento de um hospital e de um clube, sem sucesso. Acordamos na manha seguinte, às 7:00 da manhã e em 30 minutos estávamos todos prontos, dentro do carro, rumo a nossa segunda fronteira. No meio do caminho, passamos por 2 situações que valem a pena relatar. A primeira delas ocorreu na cidade de Maracaibo, segunda maior cidade na Venezuela, muito conhecida por suas reuniões de negócios relacionadas ao vasto petróleo da região. Na nossa parada para café da manhã, fomos atendidos pela Brenda, uma simpática senhora que nos serviu um pão recheado com queijo e um suco de maçã. Ela nos fez lembrar de uma prática que estamos realizando ao longo da viagem: pedir para uma pessoa local, que de alguma forma tenha colaborado ou ao menos passado um momento agradável com a expedição, colar a bandeira do país na Tanajura.
Com a fome saciada e a bandeira colada, seguimos em direção a fronteira. Em San Rafael, já quase na divisa, fomos forçados a parar o carro, já que a pista principal estava fechada. Havia ônibus e carros atravessados na pista, fogo em alguns pneus e várias pessoas juntas gritando para um outro grupo mais afastado que não conseguíamos ver. Resolvemos retornar e seguir por um caminho alternativo, a primeira rua paralela a aquela da manifestação. Para nossa surpresa, haviam várias pessoas com cordas atravessando a rua, cobrando uma espécie de pedágio. Em função do clima que estava nas redondezas, não hesitamos em pagar os 10 bolívares (R$ 2,50 aprox.) sugeridos por um motoboy que havia indicado o caminho. Pior que pagar um pedágio que não existe, foi ter que pagar 4 vezes, já que a cada 10, 15 metros havia uma corda dessas. Na última barreira o que não faltava era motoqueiro, cercando a rua. Foi um momento de tensão que durou pouco tempo. Logo que nos abordaram na janela do carro, perguntaram de onde éramos, e ao falar Brasil e fazer brincadeiras sobre futebol, logo fomos liberados para seguir nosso caminho. Alguns metros a frente, e nos deparamos com o outro grupo, que não tínhamos visto antes. Eram policiais que estavam tentando conter a manifestação. No nosso entendimento o motivo estava relacionado ao tráfico de combustível que existe ao redor da fronteira. Na verdade, os locais estavam incomodados com a fiscalização que é feita pelos policiais e eventualmente impede o comércio ilegal. Ainda do lado venezuelano, próximo a fronteira, fomos surpreendidos com uma taxa de saída do país no valor de 90 bolívares por pessoa, equivalente a R$ 20,00. Ao pagar essa taxa, nós recebemos um cartão que garantiria o carimbo de saída no passaporte alguns quilômetros mais a frente. Já para liberar a saída do carro, não foi necessário pagar nada.
Com toda a burocracia resolvida do lado venezuelano, chegamos em solo colombiano, mais especificamente em Paraguachón, às 13:00, horário local. Essa é a principal fronteira terrestre, tanto em tráfego de pessoas quanto em termos de transporte de carga. O processo de entrada foi simples e barato, tanto para nós quanto para o carro. Ao todo, gastamos pouco mais de 12.000 pesos colombianos, equivalente a R$ 13,00 aproximadamente, usados para tirar algumas xerox e pagar um rapaz que “registrou num plástico” o número do chassi do carro. De lá seguimos direto para Santa Marta, nosso primeiro destino na Colômbia. Com a ajuda do guia, encontramos o Hostel La Brisa Loca, que possuía uma ótima localização e era super bem recomendado.
Depois de apresentarmos o projeto para os dois proprietários, que são irmãos, conseguimos uma noite de graça. O Hostel foi montado numa espécie de mansão antiga. Eram três andares, com inúmeros quartos e um vão central que terminava numa piscina logo no primeiro andar. Na cobertura, haviam alguns aparelhos de ginástica, onde se podia ter uma boa vista da cidade enquanto queimávamos um pouco de caloria adquiridas com as arepas. Do pouco que visitamos na área urbana de Santa Marta, o que mais chamou nossa atenção foi a Catedral Basílica de Santa Marta, uma das mais antigas da américa do Sul e onde foi enterrado Símon Bolívar.
Depois de sairmos do hostel, fomos para o parque nacional Tayrona, conhecido por suas belas praias e trilhas.
Mas antes de falar da nossa experiência dentro do parque, vale relatar a discriminação que existe entre locais e estrangeiros. É fato que em alguns lugares se cobram preços diferenciados na entrada das atrações turísticas. Porém, para um estrangeiro entrar no parque o valor a ser pago é aproximadamente o triplo daquele pago por um local. O valor que nos foi cobrado por pessoas foi de 36.500 pesos colombianos, equivalente a aproximadamente R$ 40,00. Além disso, se cobra 10.500 pesos colombianos para o carro entrar no parque e mais 7.000 pesos colombianos por noite que carro fica estacionado lá dentro. Essa situação nos deixou bastante insatisfeitos pois, apesar de ser um local caro e ainda existir essa diferenciação entre os turistas, o serviço não é lá essas coisas dentro do parque. Pegamos uma fila de mais de 1 hora para entrar, as trilhas nem sempre tem sinalização e o restaurante que comemos não aceitava cartão de crédito em determinadas situações, como no café da manhã por exemplo. O parque é enorme, com vegetação fechada, lembrando em alguns momentos nossa mata atlântica.
Depois de quase duas horas de caminhada, chegamos em Cabo San Juan, a última praia do parque. Havia uns 4 metros de areia, entre o camping e a cristalina água do mar. A extensão da praia não chegava a 500m. O visual era realmente fantástico.
Passamos a noite acampados em uma barraca, aluagada lá mesmo, já que a opção mais barata que era dormir em rede, já estava esgotada. Um diferencial do camping para nós brasileiros e sul americanos como um todo, amantes de futebol, era o campinho de terra batida de frente para o mar.
Num fim de tarde, logo depois de algumas embaixadinhas e chutes pro gol entre nós, apareceram peladeiros de todos os lugares: argentinos, colombianos, venezuelanos, alem de espanhóis, australianos e búlgaros. O entrosamento do time 4×1 e seus agregados, nos ajudou no placar.
Antes do nos despedirmos do parque e de Santa Marta, da beleza do lugar e dos agradáveis momentos que passamos, não deixamos de registrar nossa insatisfação no livro do parque em função do que chamamos de abuso e exploração aos turistas.
Para mais fotos sobre Santa Marta, clique aqui!
18 Comentários
Ola !
Estou querendo fazer essa viagem totalmente de ônibus….alguma dica?
Luiz
Oi Luiz,
Você está pensando em fazer a viagem por toda a América de carro? Do Brasil ao Alasca e do Alasca ao Ushuaia?
Infelizmente nós não conhecemos ninguém que já fez tudo isso só de ônibus, mas acredito que deva dar certo sim. Claro que alguns trechos não seriam possíveis, dado que de carro o seu itinerário é muito mais flexível, mas por todos os lugares por onde passamos vimos ônibus ou trens ou vans de transporte público. Talvez o único país um pouco mais restrito seja os EUA, onde não existem muitas opções de ônibus não.
Enfim, acho que vale a pena dar uma pesquisada, mas eu diria que é possível sim.
Qualquer dúvida entre contato conosco! Abração e boas viagens!
Boa tarde! Estou planejando fazer essa viagem de vcs de ônibus…total…alguma dica?
Obbrigado
Pessoal pelas fotos e relatos de vocês a visita ao parque Tayrona valeu o preço pago. Afinal, como aqui e em outros países, em alguns lugares também é feita cobrança diferenciada, e pior, nos Estados Unidos, por exemplo, o acesso a certas salas do Congresso somente é permitido a cidadãos americanos. Continuem curtido a aventura.
Valeu Dirceu! É verdade, essa diferenciação de preços é bastante comum e incentiva o turismo local, não podemos negar! Apesar do preço um pouco salgado o Parque Nacional de Tayrona valeu muito a pena, foi uma experiência bem interessante!! Grande abraço e obrigado!!
Que Deus os acompanhe e os proteja.
Amém! Obrigado Ne, fique com Deus também!
Apesar das intempéries, nada que as belezas mostradas não comutem.
Dificuldades a parte podem ter certeza que na firmeza de seu andejo estarão nossas orações.
“Hai que enducerse pero sin perder la ternura jamas!’ Che Guevara.
Oi Luiz, muito obrigado pelos incentivos!! Sem dúvida, as belezas vistas nos motivam muito e nos ajudam a superar os eventuais obstáculos que encontramos no caminho!! Grande abraço y hasta luego!
Não sei se concordo com o ponto de vista de vocês em relação à cobrança diferenciada de entradas local vs. turista. Em Machu Pichu, a entrada para peruanos também é assustadoramente mais barata que para turistas de outras nacionalidades, mas achei ótimo e justo – é uma forma de incentivar o turismo local.
E vamos combinar, né… R$ 40 pode não ser “de graça” mas não chega a ser um abuso – o Cristo Redentor custa R$ 44! E duvido que o serviço carioca seja pior do que o colombiano!! Hahahaha!
Oi Fernanda,
Concordamos com o conceito de diferenciação de preços para locais e estrangeiros, apenas achamos que aquela situação específica no Parque Nacional de Tayrona era um pouco exagerada….. Lá havia uma fila enorme para entrar no parque, apenas um funcionário fazendo o controle do acesso, o serviço era bastante ruim…enfim, foi frustrante. Fora que o valor cobrado (40 reais), na Colômbia, é bastante dinheiro….mesmo os colombianos com quem conversamos acharam o valor alto de mais pelo que o parque entrega. Abração!
Olá, pessoal. Realmente um absurdo essas cobranças de pedágio que vcs sofreram. Na verdade tratou-se de extorsão. Creio que em nosso país os turistas não passam esse constrangimento. Boa viagem e estamos acompanhando. Abraços a todos
Pois eu tendo a discordar, Neide… Não no meio da cidade e de forma um tanto quanto intimidadora, mas já fui “vítima” de uma cobrança indevida, sim: Quando fui de Porto Seguro a Caraíva (a estradinha é pra-lá-de-arretada), 2 molequinhos nos cobraram uma tarifa para pôr de volta uma tábua de madeira (“ponte”) que cobria um BLASTER buraco/ riachinho, para que conseguíssemos seguir viagem! Hahahaha! Ninguém merece!
Nossa, Fernanda!!!!! então eu tenho tido “sorte” RSRSRSRS. Acabei me lembrando dos “flanelinhas” ou pseudo guardadores de carros que vivem nos extorquindo. Não tem jeito mesmo. Abraços
Bem lembrado! Os flanelinhas são um absurdo mesmo… acaba sendo algo bem próximo! Pagamos para que eles não risquem nosso carro!
Oi Neide e Fernanda!! Muito válidos os pontos de vocês…todos estamos sujeitos a estas situações de cobranças indevidas! Infelizmente esse não é um problema isolado!
Esse é um dos grande problemas quando se está em terra de ninguém. Qualquer um sente-se no direito de cobrar pedágios e explorar com parcialidade os estrangerios. É sempre aconselhável pagar e ser sempre simpático mesmo se sentindo um idiota, para se evitar retalhações que possam por em risco o resto da viagem.
Oi Rogério! A experiência de passar por aquela situação foi bem ruim mesmo…e o pedágio não era cobrado só dos estrangeiros, qualquer um que quisesse passar por ali teria que pagar, um verdadeiro caos!