Ficha 4×1
Data: 17/12/2012 à 18/12/2012
Saímos de: Cidade do México, D.F. – México
Distância total: Aproximadamente 460 km (Santa Maria del Tule e o Monte Albán ficam a menos de 15 km do centro de Oaxaca)
Onde dormimos: Nas barracas. Em um camping abandonado pouco afastado do centro de Oaxaca, chamado Violetas Trailer Park.
Pneu Cheio: Além de ser uma cidade de culinária e costumes bem tradicionais, Oaxaca também fica bem próxima à cidade arqueológica de Monte Albán e do enorme Árbol del Tule (árvore de Tule).
Destino final: Oaxaca, Oaxaca – México
Tempo de viagem: 8 horas (incluindo paradas para café da manhã e almoço).
O que comemos de bom: Oaxaca concentra diversos pratos e codimentos muito tradicionais: experimentamos a Tlayuda, o sanduiche Oaxaquense e os ‘chapulines’ = gafanhotos!
Pneu murcho: O camping de Oaxaca! Estava abandonado e o preço não era barato pela precária estrutura. Também o chocolate oaxaquense, tão famoso, não nos pareceu tão bom quanto a fama que tinha.
Trajeto: Seguimos quase sempre pela México 160 desde Cidade do México até Oaxaca.
Saímos da cidade do México e seguimos a sudeste pela Serra Madre mexicana onde alcançamos o estado de Oaxaca. Situada no meio dos vales centrais daquele estado, e levando seu mesmo nome, encontra-se a cidade de Oaxaca de Juárez (ou simplesmente conhecida como Oaxaca). Apesar da muito bem preservada estrutura arquitetônica que remonta ao período de dominação espanhola, Oaxaca conserva muitas tradições, costumes e, em especial, uma culinária muito peculiar, resquícios de sua forte herança das civilizações pré-colombianas que ocuparam a região por mais de 2.000 anos.
Já era quase final de tarde quando chegávamos ao centro de Oaxaca. Caminhamos por suas ruas históricas e apreciamos o final de tarde sentados nos banquinhos da Plaza Alameda de León, anexa à Plaza de la Constiuición, ou Zócalo. O Zócalo é a praça central de Oaxaca e ali, e na Alameda de León, é o ponto de encontro dos oaxaquenhos, ficando cheia mesmo durante os dias de semana: pais e filhos, estudantes que acabaram de sair do colégio, idosos, comerciantes ambulantes… Inclusive um deputado federal (pouco malandro) aproveitou o clima tranquilo e familiar de final de ano, para promover sua imagem através da distribuição de pipocas gratuitas (independente de onde veio o dinheiro para bancar as pipocas, o ato é, no minimo, estranho). Mas a fila para as pipocas, é claro, era enorme! E embora as praça não mantenham quase nada de seu estilo colonial (quando ainda não tinha pavimentos ou calçadas) ela foi muito bem remodelada e na Alameda de León encontra-se a majestosa Catedral de Oaxaca – a catedral de Nuestra Señora de la Asunción. A igreja que se encontra lá atualmente teve sua construção iniciada em 1702 após ser destruída em duas ocasiões anteriores por dois terremotos. A igreja tem um dos interiores mais bonitos entre todas as igrejas católicas que visitamos! Com um interior em um belíssimo estilo neoclássico, o que mais impressiona é o altar com a imagem de nossa senhora de Assunção em bronze, encomendada na Itália.
Naquela noite ainda iríamos ter nosso primeiro contato com a culinária Oaxaquenha. Depois de consultar nosso livro-guia (o Ralf) e observar o movimento dos restaurantes, decidimos entrar no restaurante La Terraza para comera a famosa Tlayuda! A Tlayuda em si é uma tortilha bem grande, um pouco mais maciça (sem chegar a ser crocante) e mais saborosa do que as tradicionais. Ela vem recheada com feijões pretos, alface, guacamole, linguiça de porco, molho típico a base de pimentão verde ou vermelho e um generoso bife!
O dia seguinte foi o ponto alto da nossa passagem por Oaxaca! Intenso e cultural, conseguimos visitar a gigantesca e milenar árvore de Tule, a imponente ruína de Monte Albán e deliciar algumas das tradicionais iguarias oaxaquenhas.
Logo pela manhã partimos para um passeio pelo charmoso centrinho de Santa Maria del Tule, onde fica localizada a Árbol del Tule (árvore de Tule). Conhecida como Ahuehuete em Nahuátl (a língua predominante no império Asteca que acabou dando nome para diversas coisas no México), a árvore de 2.000 anos é considerada uma das maiores árvores do mundo!!! Mas embora muitos turistas imaginem ver uma árvore alta (como, por exemplo, as Sequóias da América do Norte) no caso da árvore de Tule, não é sua altura de 42m que impressiona. O título que ela recebe, na verdade, consiste grandemente devido a seu volume total. Afinal, seu vultuoso tronco possui 14m de diâmetro e 58m de circunferência (o que corresponderia a pouco mais de 30 pessoas abraçando a árvore!).
Saímos de lá para o sítio arqueológico de Monte Albán, a antiga capital dos Zapotecas. Centro sócio político e econômico dos Zapotecas por mais de 1.000 anos! Os Zapatecas não eram bobos, construíram sua mais importante cidade a a 1,940 m de altitude e 400 metros acima do vale central de Oaxaca! Possuíam, dessa forma, uma incrível e privilegiada vista de todo o vale o que lhes conferia uma grande vantagem defensiva!
Com o clima bastante seco (principalmente nos meses de inverno – de Nov. a Mar.) e muito calor durante o dia, o sítio é amplo, plano (foi aplanado pelos próprios Zapotecas) e impressiona pelo incrível nível de conservação das diversas construções dessa cidade que chegou a ter 35.000 habitantes e teve seu auge entre 500 a.C. e 800 d.C.
O sítio possui uma praça principal de onde partem dois corredores: um para norte e outro para sul. Ao redor ficam dispostos diversas edificações onde, provavelmente, ficavam a elite Zapoteca, prédios cerimoniais e sagrados. Mas o que mais nos chamou a atenção foi o enorme campo de Juego de pelota (jogo de bola), um dos esportes mais tradicionais jogado em diversas civilizações mesoamericanas desde 1400 a.C. As regras exatas dos ‘juegos de pelota’ são desconhecidas mas, em geral, o objetivo era manter a bola em jogo. Em suas versões mais clássicas, os jogadores deveriam acertar a bola utilizando os quadris, ombros, joelhos ou cotovelos e o mais interessante é que muitos desses jogos tinham significância de rituais. O que isso quer dizer? Os derrotados poderiam ser mortos em oferendas aos deuses! (Agora, imaginem se nosso futebol fosse assim, hein?! Hahahaha)
Diversos indícios como figuras esculpidas nos prédios, algumas peças de cerâmica entre outras decorações arquitetônicas, revelam que o sítio provavelmente sofreu influências do contato entre seus habitantes e as civilizações Olmecas e de Teotihuacan. Muitos dos vestígios foram retirados do sítio e colocados em um museu anexo, onde podem ser encontrados maiores detalhes da vida Zapoteca, das escavações e dos estudos feitos no local ao longo dos últimos anos. Uma curiosidade sobre o sítio é que acredita-se que somente 20% de sua área foi até agora escavada! Realmente incrível!
Saímos de lá famintos depois de tanto andar e nossa última parada em Oaxaca seria no tradicional Mercado Mercado Benito Juarez, onde comemos o delicioso sanduíche oaxaquenho e experimentamos os tradicionais chapulines! O nome chapuline não é de soar muito estranho para muitos brasileiros, não é mesmo? Alguém conhece lembrar de onde? Pra quem lembrou, é isso mesmo: o personagem mexicano da TV que passava no SBT na década de 90: o Chapolin Colorado! Chapulines são uma espécie de gafanhoto avermelhado e nós nunca havíamos reparado que aquelas anteninhas e aquela caudas alongadas do heroi Chapolin era na verdade para representar que ele era um gafanhoto! hahahaha… Os chapulines em Oaxaca são fritos e temperados com sal e limão. O gosto é parecido com uma casquinha de camarão fritinha (mas sem a deliciosa carne de camarão dentro, é claro! ) e o sal e o limão dão um saborzinho extra. Quem aí iria arriscar?! Bom, o mercado também possui diversas roupas e artigos característicos da região. Saímos dali e seguimos para o Mercado 20 de Noviembre, conhecido como Mercado de la Comida, para apreciar o tão comentado chocolate oaxaquenho. Mas na verdade não gostamos tanto quanto as outras iguarias.
Devido a proximidade de Oaxaca ao sítio arqueológico de Monte Albán, e à cidade de Santa Maria del Tule, em apenas dois dias conseguimos explorar a região e “degustar” algumas de suas tradições. Infelizmente nosso prazo é curto e necessitávamos seguir a sudeste do país. Tradições, histórias, culinária, sítios arqueológicos… toda uma riqueza cultural de outros povos pré-colombianos que ainda se mantém vivos por terras mexicanas nos esperavam. Precisávamos partir e as próximas paradas seriam nada mais, nada menos, do que o independente estado de Chiapas a mística península do Yucatán! Até breve!
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6 Comentários
Muito legal essa tripe!! os gafanhotos perecem apetitosos!
hahaha, valeu Renato! Os gafanhotos dividiram opiniões! Mas vale experimentar! Abraço
GAFANHOTOS BOYS!!!!!!!!!
ESTÃO ENTRANDO NO CLIMA P/ UMA EXPEDIÇÃO À CHINA???
BJS
hahahahha quem sabe não esticamos a expedição para o outro lado do mundo??!!
Vejam só, assisti e ri muito com o Chapolin Colorado mas nem imaginava o real significado no nome do “herói”…kkkkk agora faz mais sentido! Muito boa essa…
Também não sabíamos, Rogerio! Foi como a descoberta do ano! rs