Ficha 4×1
Data: 03/11/2012 à 05/11/2012
Saímos de: Zion National Park, UT – EUA
Distância total: 270 km
Onde dormimos: no hotel/cassino Paris, conseguindo um quarto a preço promocional através do site priceline.com
Pneu Cheio: o espetáculo Love, do Cirque du Soleil, que une majestosamente a música dos Beatles à arte do Circo.
Destino final: Fabulous Las Vegas, NV– EUA
Tempo de viagem: 3 horas aprox.
O que comemos de bom: comida de todos os cantos do mundo nos buffets all-you-can-eat, presentes na região dos cassinos.
Pneu murcho: a superficialidade das relações humanas na cidade. Quase tudo é movido pelo interesse, principalmente no dinheiro.
Trajeto: Tomamos a I-15 S.
Saímos do Zion National Park, em Utah, no dia 03 de novembro, rumo a Las Vegas. Era um sábado ensolarado e quente, dia em que nos dirigíamos à tão conhecida Fabulous Las Vegas, no estado de Nevada, para passar apenas o final de semana e de lá irmos ao Grand Canyon. Após algumas horas de viagem, já na parte da tarde, começamos a avistar, em meio à poeira do deserto, as silhuetas dos grandes hotéis e cassinos da cidade, que surgiam como lanças do chão em contraste ao vazio do deserto.
Chegamos. Já tínhamos reservado um hotel a um bom preço na principal avenida dos hotéis/cassinos de Vegas, era o Paris Las Vegas. Tínhamos feito a reserva dois dias antes através do site priceline.com, muito bom para encontrar quartos de hotéis a preços promocionais! Logo que chegamos na região já vimos a grande réplica da Torre Eiffel que o hotel possui em frente a sua entrada, o que já nos mostrava a suntuosidade (ou tentativa de) que veríamos.
Entramos para fazer o check-in no hotel e suas altas paredes trabalhadas e ricas em detalhes chamavam a atenção, junto aos grandes e dourados lustres pendurados no teto. Mas algo não estava coerente, não fazia sentido, e uma sensação estranha surgia sem sabermos o que significava. Era o início de uma percepção que foi ficando clara para nós a cada momento que passávamos em Las Vegas e sobre a qual vamos falar mais ao longo deste post.
Vale fazer uma observação: os grandes e famosos hotéis de Las Vegas, como o Bellagio, o Mirage e o próprio Paris, entre outros, possuem os cassinos dentro do próprio prédio do hotel; portanto, os hotéis e cassinos são praticamente uma coisa só. Depois que fizemos o check-in, no caminho para o elevador – que nos levaria ao quarto – passamos pelo cassino do hotel e observamos sua arquitetura e as pessoas que o frequentavam. O tema do hotel e do cassino é Paris, obviamente, como já diz o nome. As máquinas de jogos são circundadas por lojas e restaurantes que replicam a arquitetura parisiense, tudo isso debaixo de um teto pintado como um céu de um bonito dia ensolarado, realmente tentando replicar algo como um bairro de Paris. Não é difícil perceber a semelhança do lugar com um parque temático infantil e concluir que tudo isso não passa de um perverso parque temático para adultos.
Como dissemos, chegamos numa ensolarada tarde de sábado e nos surpreendemos ao encontrar muitas pessoas paralisadas em frente aos trocentos caça-níqueis que o cassino possui, apostando, aparentemente de forma descontrolada, seu dinheiro. Detalhe, os cassinos são completamente fechados, não há janelas, e é permitido fumar dentro dos mesmos! Então já se pode imaginar o ambiente. Desconfiamos que os clientes de fato percam a noção do tempo, aposta atrás de aposta, afinal a réplica de céu pintada no teto pode, de fato, enganar as mentes mais hipnotizadas.
Bom, subimos para nosso quarto, deixamos nossas tralhas, trocamos de roupa e saímos para jantar e dar uma volta na região. Já era noite de sábado e as ruas estavam cheias, também pela agradável temperatura em torno dos 20 graus que estava naquela noite. Las Vegas, mais uma vez, se mostrou uma cidade curiosa: prostituição é um ato proibido na cidade, mas a cada esquina sempre estão presentes várias pessoas oferecendo cartões com telefones de prostitutas. E não para por aí. Como se não bastasse, também se veem percorrendo as avenidas CAMINHÕES com outdoors gigantes anunciando acompanhantes. Outra curiosidade é que na região dos hotéis e cassinos, é possível consumir bebida alcoólica no meio da rua, ação completamente proibida no restante dos Estados Unidos.
Na avenida Strip, onde também estava o nosso Hotel Paris, encontram-se os principais hotéis de Las Vegas. Caminhando pela avenida você pode entrar nesses hotéis para acessar os cassinos, restaurantes e até shopping centers que existem lá dentro. Alguns prédios são, inclusive, conectados uns aos outros, o que transforma a região quase que num mega complexo de “entretenimento”. Entre aspas pois, como fomos percebendo, Las Vegas se trata de uma cidade de plástico, construída para tirar até o último centavo dos turistas que se dispõem a visitá-la. O tão anunciado “entretenimento” de Las Vegas resume-se a jogos de aposta, bebidas, festas, prostituição e prédios e restaurantes que imitam outros lugares do mundo como Grécia, Roma, Paris (nosso hotel), entre outros. Mas claro, também existem algumas coisas boas na região, das quais vamos falar logo mais. Depois da volta pelos cassinos, paramos para jantar e comemorar o aniversário do Gabriel, pois enquanto jantávamos entramos no dia 4 de novembro e já aproveitamos para comemorar! Saindo do restaurante, demos mais uma volta pela região e observamos o comportamento das pessoas. É estranho, mas de alguma forma pode-se perceber que o dinheiro fala muito alto nesse lugar. Nas baladas, mulheres se esfregam nos homens em troca de uma bebida. Homens e mulheres esbanjam fortunas através de vestimentas, compras e atitudes. Espera-se que você vá lá e gaste, não importa com o quê. Algo não parecia estar certo. Voltamos para o hotel para dormir, já um pouco cansados desse clima.
Mas, como dissemos anteriormente, existem pontos positivos na cidade, apenas deve-se saber tirar proveito deles sem cair nas armadilhas que estão postas à espera dos turistas. Os restaurantes all-you-can-eat (tudo o que você pode comer, numa tradução literal), presentes nos hotéis, oferecem uma variedade incrível de comida a um preço bastante justo; afinal, a lógica é fazer o cliente gastar seu dinheiro nos cassinos, não na comida. Com isso, pode-se encontrar no buffet desde comidas típicas latinas, até pratos da culinária árabe e oriental. Descobrimos que existia um passe de 24h de consumo em uma série de restaurantes desse gênero, por um preço único de 50 dólares. Com isso almoçamos, jantamos, comemos o café-da-manhã do dia seguinte e almoçamos novamente com um vale só, uma bela economia! Inclusive, aguardando uma mesa em um desses restaurantes, encontramos o Clébão e sua namorada, Paula, ambos amigo do André, que coincidência! E não para por aí: descobrimos que eles também iam, naquela noite, ao mesmo espetáculo do Cirque du Soleil que iríamos! Com isso marcamos de nos encontrar na hora do espetáculo e depois sairmos para beber algo e conversar.
Com certeza um dos pontos altos de Las Vegas foi o espetáculo do Cirque du Soleil, que vimos na noite do sábado. O circo possui vários espetáculos na cidade, que são apresentados em sua maioria dentro de casas de shows localizadas nos hotéis. Foi difícil escolher um só (todos parecem muito bons, mas os preços são um pouco salgados – em média variam de 70 à 120 dólares por espetáculo) e depois de muito pensar resolvemos ir ao Love, espetáculo que foi criado totalmente em torno de músicas dos Beatles. O teatro onde o show é apresentado é circular e relativamente pequeno, o que proporciona a todos os espectadores, independentemente do assento, uma sensação de realmente estar participando da peça. As coreografias, acrobacias e imagens mostradas se encaixam perfeitamente à incrível seleção de músicas do Beatles feita para o show. A execução beira a perfeição. Tudo isso, somado ao peso que a música de uma das mais importantes e influentes bandas de rock da humanidade, faz com que a experiência seja única! O espectador passa em torno de 2 horas imerso em outro universo, viajando com o que lhe é mostrado e com as letras das músicas. Uma experiência inesquecível!
No dia seguinte, segunda-feira 05 de novembro, já íamos embora para o Grand Canyon numa viagem de 6 horas, então almoçamos (ainda aproveitando nosso passe de 24h em restaurantes :D), abastecemos e partimos rumo ao nosso próximo destino, deixando para trás Las Vegas, a cidade-perdição. Entretanto, mal sabíamos que alguns dias depois estaríamos de volta a este pitoresco lugar. Bom, isso já é história pra outro post, aguardem!
Quer ver mais fotos de Las Vegas? Acesse nosso Flickr aqui!
7 Comentários
Exatamente!!! hahahaha Beijos!!!
PERFEITA PERCEPCAO DE MAIS ESSA FAKE CITY.
BJS.
Obrigado pelo elogio tia Geyza! Passamos nos relatos aquilo que sentimos em relação aos lugares pelos quais passamos, infelizmente em relação a Las Vegas o que vimos foi isso!
Muito bom o texto! Já tinha lido bastante sobre a arquitetura de Las Vegas e tudo é muito fake, comos vocês descreveram… Tudo a favor da espetacularização e da incessante busca por tirar dinheiro de seus visitantes… O bom de conhecer tantos lugares diferentes é poder ter uma visão bem apurada dos lugares que vão passando..! Parabéns!
Obrigado Thais ! É incrível mesmo como eles tentam replicar a arquitetura dos outros lugares! O trabalho é bem feito, mas…que deixem as colunas gregas na Grécia e a torre Eiffel na França né!? Haha Beijos!
Não conheço Las Vegas, mas minha impressão do local era exatamente essa que vocês descreveram. Acho que é por isso que nunca me estimulei a conhecer. Essa cidade nem entra na minha “lista de desejos”. Tenho certeza que o Gran Canyon vai ser muito mais produtivo, atrativo e rico em experiência, do que essas ilusões e luxúria que habita esse local.
É Rogério, não sabemos até que ponto vale a pena reservar férias e dinheiro para visitar Las Vegas…existem outras opções muito mais atrativas, como o Grand Canyon, citado por você! Abraços!