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Haines – Um Lugarzinho no Meio do Nada, Cheio de Surpresas Boas

Haines – Um Lugarzinho no Meio do Nada, Cheio de Surpresas Boas

Ficha 4×1

Data: 04/10/2012 à 07/10/2012

Saímos de: Denali National Park, AK

Destino: Haines Borough, AK com parada em Anchorage, AK por 2 noites.

Distância: 239 milhas do Denali até Anchorage e 756 milhas de Anchorage até Haines (com uma parada para dormir em Tok).

Tempo de viagem: Denali – Anchorage: 6:30 horas, incluindo parada para almoço.     Anchorage – Haines: 16:30 horas, divididos em 2 trechos: 1) Anchorage – Tok: 4:30 horas na estrada; 2) Tok – Haines: 12 horas, incluindo paradas para almoço e combustível.

Trajeto: O primeiro trecho foi feito na AK-3 S/George Park Highway, enquanto o segundo trecho foi dividido em diversas estradas, com cenários belíssimos (AK-1 N; Ak-2 E na qual entramos no Candá; Alaska Hayway novamente; e Haines Hayway, que nos leva de volta para os Estados Unidos).

Onde dormimos: Em Anchorage foram duas noites no hotel Extended Stay, para atualizar pendências. Já no caminho para Haines, na cidade de Tok, dormimos na nossa barraca, no estacionamento de um hotel de beira de estrada, enquanto que em Haines, ficamos as três noites na nossa barraca no camping Camper Park já que a temperatura estava mais sob controle.

O que comemos de diferente: Overdose de comida tailandesa. Ainda na Estrada, chegando em Tok, tivemos a primeira refeição tailandesa num trailer de um simpático casal. Se algum dia alguém passer por lá, encontrará um adesivo da expedição 4×1. Já em Haines, almoçamos por 3 vezes no Chilkat Bakery Restaurant, um delicioso restaurante com comida tailandesa, ótimo serviço e melhor custo-benefício de Haines.

Pneu cheio: A convivência entre o homem e o urso. A pesca no rio Chilkat é uma atividade que é compartilhada, onde homens e ursos são vistos praticamente lado a lado. Além disso, assitimos um divertido musical (que já foi apresentado na Broadway), com atores e produção local!

Pneu murcho: Nada muito relevante. Sentimos falta de um museu que contasse um pouco da história local, e de mais opções para comer.

HAINES – Um Lugarzinho no Meio do Nada, Cheio de Surpresas Boas

“Muitas vezes, entitulamos os ursos como feras indomáveis, sempre colocando neles a responsabilidade por algum ataque, quando na verdade muitas vezes somos nós, homens, que não respeitamos o espaço e habitat deles. Em Haines, concluímos que a convivência em harmonia entre homens e ursos é possível, é apenas uma questão de limites. Diferente de tudo o que lemos e escutamos, lá os homens e o ursos dividem o mesmo espaço em busca do mesmo alimento.”

Depois da rica e intensa experiência de vida Selvagem no Denali, e antes de chegarmos em Haines, passamos por Anchorage, maior cidade do estado do Alasca, com aproximadamente 300.000 mil habitantes, ou seja amais de 40% de toda população do estado, também conhecido como “A Última Fronteira”. Seu desenvolvimento se deu principalmente em função do setor aéreo, já que possui o terceiro mais movimentado aeroporto de cargas do mundo. Além disso, os Estados Unidos mantém duas importantes bases militares em Anchorage desde a Guerra fria, em função da localização geográfica próxima à antiga União Soviética. Nossa passagem por lá durou 2 dias, e foi bastante útil para colocar pendências em dia como atualização do site, lavagem de roupa e revisão de 20.000km da Tanajura. Como eles não fabricam a Frontier a diesel no EUA, eles não tinham o filtro de óleo correto, então foi a hora de entrar em ação nosso estoque de peças reservas que havíamos comprado no Brasil para situações como essa.

Pendências deixadas para trás, seguimos rumo a Haines, uma cidadezinha de 2.500 habitantes que possui uma história rica e uma diversidade natural, localizada em uma area que é um importante pólo turístico da região, conhecida como inside passage, uma belíssima rota marítima que terá uma descrição detalhada no próximo post. O nome da cidade surgiu depois de uma missão e uma escola encomendada por um Chilkat (grupo que ocupava a região nos tempos mais remotos), como forma de homenagear a presidente do comite que levantou os fundos para a construção da obra, em 1884. Mas a região sofreu uma mudança mais relevante durante os anos de 1898 e 1899, em função da corrida do ouro (golden rush). A principal estrada até aquele momento chamada Dalton’s trail permitia que o ouro e suprimentos fossem escoados para a região de Yukon, o que aumentou sua importância na região. Porém, depois da construção da estrada de ferro White Pass e Yukon, que permitia o acesso a diversas outra cidades da região, a competição aumentou e a economia passou por um ligeiro declínio. Atualmente, o turismo é o principal atrativo da cidade. Além de possuir uma das maiores populações de águias do mundo (bald eagles – aquela águia que é o símbolo dos EUA), a pesca também atrai inúmeros visitantes da região. Além disso, a cidade no verão é também muito procurada pelas atividades ao ar livre, como rafting e trilhas.

Chegamos em Haines já bem tarde, numa quinta-feira, por volta das 23:00 horas, cansados , mortos de fome e sem um lugar para dormir. Tratamos logo de alimentar a lombriga, comendo uma pizza num pub, onde colhemos informações sobre os campings da cidade. Procuramos por quase uma hora, sem sucesso, até que resolvemos perguntar para um policial que já devia estar desconfiado de algo, de tantas vezes que passamos na deserta rua da delegacia. Seguimos o carro dele até chegarmos num camping que não permitia acesso a carros. Assim, ele nos levou ao camping Camper Park, onde ficamos por três dias, bem protegidos da friagem e com banheiro um pouco precário.

A cidade estava “cheia” pois na segunda-feira, dia 7/Out seria o feriado de ação de graças dos vizinhos canadenses. Em todo lugar que íamos, saudações de boas vindas eram dadas aos irmãos de fronteira. A primeira coisa que fizemos no dia seguinte foi ir ao visitor center, onde fomos super bem recebidos por uma simpática senhora americana que nos deu dicas interessantes de atividades na cidade. Saímos de lá ansiosos pelo principal atrativo da cidade, o rio Chilkat, que já havia sido indicado por outros amigos expedicionários. Nesse rio, inúmeros pescadores, tanto locais quanto turistas, vão em busca de alimento e lazer. Quando nos aproximamos do rio conseguimos entender o porque da sua popularidade. O cheiro de peixe podia ser sentido de dentro do carro com os vidros fechados tamanha a quantidade de salmões atravessando o rio. Como já falamos no post de Seattle, os salmões sobem de volta para o rio para desovar e morrer, depois de ter passado a maior parte de sua vida no mar. Para pescar, as pessoas vestiam roupas especiais para suportar a água gelada, já que a pesca por lá é tradicionalmente feita de dentro d’água, muitas vezes através da modalidade “fly-fishing”.

Além dos pescadores tradicionais, diversas aves como a águia americana (American Bald Eagle) e gaivotas, enfeitavam a vista para o rio. Mas todo aquele amontoado de carros e turistas estavam ali para ver um terceiro tipo de pescador, “o amigo Urso”, muito mais acostumado com a água fria da região. Eles atravessavam o rio com sorriso na cara, sem se importar com a temperatura, em busca do melhor ponto para capturar suas presas. Ficavam próximos a pedras, usando seus dentes afiados para separar a pele, que curiosamente é a parte que eles mais gostam. Numa outra determinada situção, dirigíamos bem devagar (algo em trono de 20km/h) observando a paisagem, respirando o ar livre com as janelas abertas quando, para nossa surpresa um urso grizzly apareceu na nossa janela, a 2 metros de distância. Não era dos maiores, mas foi o perto que já vimos, sem contar o fator surpresa. Ficamos completamente sem reação, que nem conseguimos tirar fotografia dessa cena. Mas oportunidades não faltaram. Vimos também um urso a 3 metros de distância do carro, farejando e se esfregando numa placa de metal, completamente hipinotizado, o que nos fez pensar que algum pescador pudesse ter limpado salmão por ali. Na verdade, ficar ali da ponte olhando essa enorme fera de olhar dócil, tão dócil que dá vontade de passar a mão, dividindo o espaço com o homem foi uma sensação realmente incrível. Muitas vezes, entitulamos os ursos como feras indomáveis, sempre colocando neles a responsabilidade por algum ataque, quando na verdade muitas vezes somos nós, homens, que não respeitamos o espaço e habitat deles. Em Haines, concluímos que a convivência em harmonia entre homens e ursos é possível, é apenas uma questão de limites. Diferente de tudo o que lemos e escutamos, lá os homens e o ursos dividem o mesmo espaço em busca do mesmo alimento.

Durante nossa parada no centro de visitantes, fomos informados que haveria na cidade um evento especial naquele fim de semana. Uma peça de teatro chamada Oklahoma, um musical que um dia for a encenado na Broadway, mas com produção e atores locais. Fomos comprar os ingressos durante a tarde numa livraria, onde descobrimos que a filha da dona da livraria, que estava na loja seria uma das atrizes da peça. Quando eram 19:15, estávamos na porta do teatro, 15 minutos antes de começar a peça. As cadeiras eram espaçosas, tamanho padrão dos americanos e a visão do palco era boa de qualquer lugar do pequeno anfiteatro. Chegamos lá, sem nenhuma pretenção para as três horas de espetáculo que teríamos pela frente. Quando começou a peça, logo se percebia que ninguém era professional ali. Mas o amadorismo trouxe uma graça diferente das piadas prontas, era uma piada natural, onde o ator sorria junto com a platéia. Uma senhora de mais idade, junto com o casal secundário, fizeram da simples peça uma grande surpresa boa. Aos poucos as gargalhadas foram surgindo e contagiando a todos os presentes.  Comparações aparte, o figurino, os cenários e a produção como um todo eram ótimos, dado o porte da cidade. Talvez por uma questão de expectativas ou realmente pela qualidade da peça, o fato é que saímos de lá descontraídos e satisfeitos com o investimento.

Além das atrações ao ar livre, Haines possui um museu/oficina onde enormes totens esculpidos em madeira são confeccionados a mão. É uma tentativa de reproduzir a arte indígena, já que a grande maioria das obras originais foi sendo degradada com o tempo.

Na noite de sábado, fomos novamente ao mesmo pub que havíamos comido a pizza, logo no primeiro dia. Dessa vez o ambiente estava muito mais cheio e animado. Como brasileiros, amantes de futebol, grudamos na mesa de totó (ou pebolim) quase a noite toda, na qual gargalhadas e gritos foram embalados pela cerveja alaskiana. Como era nossa última noite no Alasca, resolvemos sair em grande estilo. Pedimos uma música e cantamos e dançamos na pista do videokê do pub. Logo que vieram os primeiros versos, outras pessoas se juntaram a nós na pista embalados pelo hit Twist and shout.

Pouco antes de embarcarmos no ferry para Prince Huppert, ainda tivemos tempo de pegar uma estrada de 18km que nos levou a uma vista do Davidson Glacier, mais uma experiência agra1dável nesse formidável lugarejo.

Para mais fotos da nossa passagem por Haines, clique aqui!

11 Comentários

  • Luiz Norato Says

    Fato é que os instintos nos levam a atender as necessidades da vida, mas quando olhamos em volta vemos que a vida é muito mais que necessidades e vocês estão ai pra provar isto. Há balsamo para as feridas do dia no próprio milagre da cura..
    Shalom.

  • 4x1
    4x1 Says

    Fala Alexis!!! Tudo bem por aí??
    A Tanajura está indo super bem, viu? Continua forte e responsável!! hehehe. Ah, as barracas, dão conta do recado sim….mas as vezes, quando o frio aperta muito, recorremos para um cantinho com calefação =)
    Sobre os equipamentos, o único que deu um probleminha foi o guincho, mas vamos ver se resolvemos em breve!

    Abração e até mais!

  • GEYZA Says

    ATÉ MUSICAL DA BRODWAY, NUMA CIDADE DE 2500 HABS, NO ALASKA, SORTUDOS!!!!!!
    QUANTOS PROGRAMAS DIVERSIFICADOS……..QUE BOM!

  • A vida selvagem, de selvagem só tem o nome porque na verdade o que impera é o instinto natural de sobrevivência. As pessoas que respeitam isso se integram perfeitamente nesse meio. Como disseram, temos que respeitar os limites! Como homens “civilizados”, dentro do nosso egoísmo, achamos que podemos tudo! Ledo engano.
    Parabéns pela integração do grupo nos eventos culturais da cidade. Isso eleva a imagem dos “brasileiros” no mundo! Imagem esta, tão degradada na maior parte por onde se anda, pois sabemos que nossa imagem fora do Brasil não é das melhores! O espírito 4 X 1 deixando sua marca positiva nos lugares por onde passa é motivo de orgulho para todos. Ou pelo menos deveria ser!
    Um forte abraço a todos!
    PS: Grabriel, mandou bem no karaokê? Fez que nem em casa? KKKK Legal!

    • 4x1
      4x1 Says

      É isso mesmo Rogério! A vida selvagem merece respeito! E isso é suficiente para que seja possível haver uma convivência harmônica e duradoura. Um princípio tão simples mas que muita gente não se dá conta. O Gabriel mandou super bem no karaokê, arrancou até uns passinhos de dança do pessoal que assistia a performance hahaha!

  • Marialice Volpe Says

    Meninos!!!!
    Que lugar é esse ????
    As fotos estão maravilhosas !!! O Gustavo está se superando como fotógrafo….
    Não tenho escrito, mas tenho acompanhado os posts de vocês.Parabéns por terem conquistado o círculo polar Ártico, vocês são DEMAIS, sou sua fã incondicional !! Continuem fazendo uma ótima viagem e abençoados por Deus.Beijos ..Tia Ice

    • 4x1
      4x1 Says

      Oi Tia! Obrigado!! Que legal que tem acompanhado, ficamos sempre contentes quando sabemos que as pessoas leem o que a gente escreve e registra!!! Amém e fiquem com Deus por aí também!! Beijos

  • Alexis Says

    Rapaziada bom ver as fotos dos lugares maravilhosos que estão visitando!!
    Como esta se comportando a Tanajura? E as barracas estão dando conta do recado no frio, elas seguram a temperatura?, e os equipamentos? Pergunto sobre o material. Por que vocês estão super bem!!! Rsrsrs, abraços e fico muito feliz de ver o resultado dos seus sonhos.

    Alexis

    • 4x1
      4x1 Says

      Fala Alexis!!!! Tudo bem??

      Tanajura segurando o tranco sem problemas…o bicho é forte!!! Cada dia nos surpreende mais!

      As barracas estão ajudando bastante também, só que lá no Alasca o frio pegou de jeito, não deu pra ficar não…quando baixou para negativo acabamos pegando hotel! Dos equipamentos a corda e a prancha de desatolamento já nos salvou e nos ajudou a desatolar outros carros no caminho…tem sido bem util! O guincho deu pal…mas conseguimos arrumar recentemente, pronto pra usar (se precisarmos)!

      Enquanto a nós, realmente estamos super bem hahaha A viagem tem sido ótima!
      Esperamos que tudo esteja nos conformes por aí também!

      Muito obrigado pelo apoio que tem nos dado! Mantenha contato!

      Grande abraço!!

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