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Acompanhe aqui os relatos, dicas, fotos e vídeos da Expedição 4x1 Retratos das Américas!



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Cidade do México – Conturbada independência e sua filha Frida Kahlo

Este post é continuação da primeira parte da Cidade do México, se quiser acessá-la clique aqui.

Muchas veces me simpatizan más los carpinteros, zapateros, etc., que toda esa manda de estúpidos dizque civilizados, habladores, llamados gente culta. (Frida Kahlo)

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Painel representando o conturbado período da independência mexicana

No sábado, 15 de dezembro, acordamos e passamos a manhã atualizando nosso site e trabalhando nas fotos e no conteúdo que postamos aqui. Como estamos sempre explorando lugares diferentes, e dificilmente paramos, de vez em quando tiramos uma manhã ou às vezes até um dia inteiro para ficar trabalhando exclusivamente no material que postamos. Na hora do almoço, partimos então com a Licia e seu namorado Gabriel para almoçar na região Coyoacán, em um mercado local com várias vendinhas de comida onde comemos várias quesadillas, todas muito saborosas.

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Mercado onde se vendiam tacos

Depois, demos uma volta pela região e seguimos para a Casa Azul, que é o museu da Frida Kahlo, famosa pintora mexicana que viveu na primeira metade do século passado. Foi nessa casa que nasceu, viveu e morreu a pintora e consequentemente onde morou com seu marido, o também pintor Diego Rivera.

A casa, transformada em museu no ano de 1958, contém obras da pintora e, o mais interessante, objetos pessoais e móveis da época em que ela viveu lá, além de contar a sua marcante e sofrida história de vida. Estão presentes obras conhecidas, como o quadro Viva la Vida. Frida Kahlo nasceu em 6 de julho de 1907, filha de pai alemão e mãe mexicana, e desde então viveu nesta casa. Aos 5 anos de idade contraiu poliomielite, doença que deixou em Frida diversas sequelas, principalmente motoras, em suas pernas, e a levou a realizar várias cirurgias. Apesar das sequelas, seu pai a incentivou a praticar esportes, como futebol e boxe, a fim de animá-la, mas com o passar do tempo sua locomoção foi ficando cada vez mais limitada e foi inevitável sua saída dos esportes. A partir de então Frida se tornou uma criança sozinha, tema refletido em vários quadros pintados pela artista em sua fase adulta. Aos 18 anos, em 1925, voltando da escola, o ônibus em que estava sofreu um grave acidente e Frida foi brutalmente lesionada. Sofreu 3 lesões na coluna vertebral, várias fraturas nas costelas, clavícula e quadril, sua perna direita foi quebrada em 11 partes e um corrimão atravessou seu baixo abdômen, fato que nos anos seguintes a incapacitaria de ter filhos. Foi, então, novamente submetida a várias cirurgias.

A partir dessa época Frida Kahlo começou a se envolver mais com o mundo da pintura. Seus quadros eram em sua maioria formas de a artista liberar seus sentimentos quanto ao seu sofrimento e à sua vida. Pintou muitos auto-retratos e muitas obras em que se representava através de outros personagens, ora refletindo sua solidão na infância, ora seus sofrimentos na vida adulta, como a crescente incapacidade de locomoção ou a incapacidade de ter filhos, consequência também do acidente em sua juventude. Após começar a pintar mais ativamente, Frida penetrou em ambientes de discussão política e intelectual do México, onde conheceu seu marido e também artista Diego Rivera. Ela e Diego ficaram juntos até o fim de sua vida, exceto por um curto período em que estiveram divorciados. Sua obra foi reconhecida em vida, diferentemente de outros artistas, e em razão disto ela morou por alguns anos nos Estados Unidos. Já perto de sua morte, teve uma de suas pernas parcialmente amputada em virtude de uma infecção de gangrena, o que aumentou ainda mais seu sofrimento físico e mental. Frida faleceu em 13 de julho de 1954, na Cidade do México.

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Jardim da casa de Frida Kahlo

Saímos do museu já no fim da tarde e fomos tomar uma cerveja em um barzinho com a Licia e o Gabriel. Lá experimentamos a tradicional cerveja mexicana michelada, que não é uma marca ou tipo de cerveja, mas sim um modo de preparo: quando se pede ao garçom uma cerveja michelada ele trás o copo com um pouco de limão expremido, molho inglês, pimenta do reino e em alguns casos também pimenta Tabasco. Apesar de parecer um pouco estranho, principalmente pelas pimentas, gostamos! Pelo menos alguns de nós, hahaha! Passamos a noite lá no bar, tomando algumas cervejas, petiscanso, jogando conversa fora e também participamos de um joguinho da Heineken, em que ganhamos 2 garrafas de Heineken temáticas do novo filme do 007, até voltarmos pro apartamento da Licia para dormir, pois ainda faltava um dia na capital mexicana!

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Gabriel, Licia, André e Bruno no bar

No domingo, 16 de dezembro, mais uma vez saímos para caminhar pela cidade. Andamos pela La Reforma, avenida no centro da cidade em que só são permitidos pedestres. Então, rumamos ao Castillo Chapultepec, que hoje abriga o Museu Nacional de História. No caminho para o museu, passando pelo parque em frente ao Castillo, havia uma grande roda de pessoas observando o show de um palhaço. Qual não foi nossa surpresa quando o palhaço, que tinha um microfone, resolveu chamar a gente pra participar do show. Com tanta gente em volta, foi direto na gente e, de nós 5, chamou bem o Nandes (Leonardo), talvez o mais tímido de todos nós! Ele ficou meio sem graça na hora, mas não teve como recusar e foi até o centro da roda ao encontro do palhaço, que ficou fazendo piadas de brasileiros e brincadeiras com bexigas. Foram 5 minutos de boas risadas, pelo menos para os 4 de nós mais os cento e pouco mexicanos que ficaram assistindo. Mas acho que o Nandes curtiu também.

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Nandes e o palhaço

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Guloseimas vendidas no parque

Chegando ao museu, vimos que a história tratada lá diz respeito principalmente ao período a partir da independência mexicana, que contaremos agora. A guerra de independência durou de 1810 a 1821 (mais detalhes sobre o início desse movimento você encontra no post sobre a cidade de Guanajuato, clicando aqui).

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Parte do Castillo Chapultepec

Após a independência, conseguida oficialmente em 1821 com o fim da guerra de independência, o cenário político mexicano foi marcado pela instabilidade. Em 1848 o México perdeu muitas de suas terras (quase metade do território existente quando houve a independência) para os Estados Unidos. A instabilidade política crescente, fruto da briga entre liberais e conservadores, fez com que se iniciasse uma guerra pelo poder, que durou de 1857 a 1861. Ao término da guerra, os liberais vencem e Benito Juárez, liberal, se torna presidente do México. Os conservadores, claramente insatisfeitos, se unem à França (interessada na exploração das minas do país) e, com a ajuda do exército francês, toma o poder em 1864 e traz da áustria Maximiliano, sobrinho da Imperatriz Leopoldina, entronado-o imperador do México.

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Sala do museu com quadro de Maximiliano

Entretanto, Maximiliano defendia uma monarquia auxiliada por um congresso democraticamente eleito e isso fez com que ele perdesse o apoio dos conservadores, que não queriam um congresso eleito pelo povo, enquanto os liberais continuavam contra ele, pois estes eram contra uma monarquia. Sem muitos amigos, em 1967 Maximiliano foi capturado e executado pelas forças fiéis à Benito Juárez, que restabelece a república, elaborando uma nova constituição que confiscava as terras da Igreja (quase metade do país) e estabelecendo outras medidas que separavam a Igreja do Estado.

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Benito Juárez foi presidente até 1876, quando, mais uma vez, os conservadores entraram em cena. Com o apoio do grupo conservador, Porfírio Díaz, general de Juárez, se torna presidente, acusando Juárez de excessiva centralização do poder em suas mãos e que ele, que visava a reeleição, pretendia ficar tempo demais no poder. Ironia do destino ou malandragem de Porfírio (este obviamente o mais provável) é que ele ficou no poder por 35 anos, de 1876 a 1911, apoiado em reeleições fraudulentas. Seu governo foi marcado pelo desenvolvimento da infra-estrutura mexicana e do crescimento da indústria, baseado nos baixos salários dos operários, fato que levou ao aumento dos problemas sociais. Conservador, considerava que o desenvolvimento só seria conseguido aos moldes europeus e via o povo indígena do México como um obstáculo ao crescimento do país.

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Vista do segundo andar do Castillo

Em mais uma eleição em que Porfírio pretendia se reeleger, Francisco Maduro, um intelectual de família rica que era contra Porfírio, obteve apoio popular e estava prestes a ganhar a eleição, quando o presidente ordenou sua prisão e se reelegeu quase que unanimemente  em mais uma fraude. O povo, que estava do lado de Maduro, não aceitou mais esa fraude e tem início a Revolução Mexicana. Com a derrota do exército federal pelas forças revolucionárias, Porfírio renuncia ao cargo de presidente e assume Madero.

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O terraço do Castillo Chapultepec

Entretanto, As forças revolucionárias não entraram em um acordo efetivo de quem assumiria o poder, por serem formadas por grupos com ideais diferentes, e a guerra da Revolução Mexicana se extendeu por mais de vinte anos, sendo praticamente uma guerra civil, com muitas trocas de governantes nesse período. O país só foi atingir a estabilidade política por volta de 1930 e segue assim até os dias de hoje.

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O Castillo de Chapultepec possui um belíssimo jardim em sua parte superior e uma ampla vista do vale Mexicano. O castelo, que já foi Colegio militar e observatório Astronômico, serviu como residência para diversos presidentes. Cada ilustre presidente modificou-o como queria: marcas ilustram como Maximiliano e Porfirio pensavam em desenvolver o país – o maior asseio trazido por Maximiliano através de um banheiro requintado para ele e sua esposa representava o desenvolvimento de serviços públicos como dutos de água potável, pavimentação das ruas com paralelepípedo e iluminação a gás. Já na era Porfírio, uma sala de recepções suntuosa, para encontro com diplomatas, marca o fortalecimento das relações exteriores e aumento do capital internacional no país. O Castillo virou museu em 1939, a mando do presidente Lazaro Cardenas.

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Sala de jantar do Castillo Chapultepec

Com tanta história para observar, acabamos saindo do Castillo Chapultepec já no fim da tarde e fomos correndo ao Museu de Antropologia, que fecharia em uma hora. Chegando ao museu, já a primeira surpresa: ele é gigantesco e possui uma arquitetura incrível. Em formato de retângulo, é vazado em seu centro, onde se localiza um mastro central que segura o teto dessa parte vazada. De qualquer forma, é mais fácil ver a foto:

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Museu de antropologia

O acesso às salas do museu, que são separadas por povos que ocuparam as diferentes regiões do México, é feito a partir desse vazado central. Adentramos a sala referente ao povo Maia, e aí veio a nossa segunda surpresa: o museu é muito bem montado e riquíssimo em informações.

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Infelizmente, nosso tempo já estava acabando e tivemos apenas alguns minutos para contemplar o museu. Saímos com a sensação de que ainda tínhamos muito a aprender naquele lugar, mas tivemos que deixar para a próxima vez. Já era noite e também hora de jantar com nossos anfitriões Licia e Gabriel.

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Fomos a uma taqueria indicada por eles, muito boa, onde provamos várias iguarias mexicanas, como quesadillas, tacos al pastor e costra, entre outros pratos. Finalizando o jantar, saboreamos o melhor pastel tres leches que comemos em toda a viagem. Depois de um dia de aprendizado, ótimos museus e um saboroso jantar, voltamos pela última vez ao apartamento da Licia para dormir. Na manhã seguinte, deixamos a Cidade do México, partindo para Oaxaca. Muito obrigado Licia e Gabriel pela recepção e paciência conosco nesses 3 dias que passamos na capital mexicana ou, para os locais, simplesmente D.F.!

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Nós jantando com Licia e Gabriel

Para mais fotos dessa incrível passagem pela Cidade do México, clique aqui!

10 Comentários

  • Gisèlle Paulucci A. Maranhão Says

    legal o que vcs relataram.Assim dá vontade de conhecer o verdadeiro México.onde vcs conheceram este casal tão simpatico que os hospedou.

    • 4x1
      4x1 Says

      Oi Giselle! Se pudéssemos teríamos passado mais tempo ainda no Mexico! Tivemos a sorte de conhecer esse casal…foram super hospitaleiros conosco! A Licia é uma amiga de faculdade do Andre! Beijos!

  • Muito bom os posts e as fotos, adorei! Ja fiquei com vontade de comer o pastel de tres leches outra vez!

    Estão convidados para voltar quando quiserem, o bom é que aqui sempre tem coisas para fazer e conhecer!

    • 4x1
      4x1 Says

      Muito obrigado por tudo, Licia!! A recepção de vcs fez da cidade ainda melhor! O pastel de tres leches nao sai da nossa cabeca hahha Beijos!

  • Luiza Guimaraes Says

    Que experiência legal, meninos! Conheci o México, ou melhor, achava que tinha conhecido, mas vocês mostraram coisa que não vi e com olhos apaixonados. Foi muito bom! Adorei seguir vocês e receber os postais com tanto carinho. Que Deus traga vocês para suas famílias em paz. Um beijo em todos, principalmente em Gabriel filho de minha querida amiga Arlene!

    • 4x1
      4x1 Says

      Obrigado, Luiza!! Ficamos felizes em saber que nos acompanha! O postal é só uma, simples lembrança de gratidão! Beijos!

  • A história exerce um fascínio grande mas por outro lado nos mostra a essência da vaidade humana, que só age por paixão ao poder e os benefícios que ele proporciona. Resta ao povo, o sofrimento e os objetivos nobres da tão sonhada liberdade! Como será que estaria nosso mundo hoje se todo esforço desprendido dos seres humanos fossem concentrados para o bem comum?

    • 4x1
      4x1 Says

      Com certeza, o mundo seria diferente, Rogerio! Pelo menos, da história, sabemos que se pode mudar! mantemos as esperanças! Grande abraço!

  • Thais Says

    Que vontade que me deu de conhecer o México..! Vocês conheceram a casa da Frida Kahlo! Que sonho!! A arquitetura moderna mexicana foi mt influenciada pela obra dela! Adorei o post! Beijos meninos! :)

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