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Parque Nacional de Canaima (Venezuela) – Balé das Águas

Ficha 4×1

Data: 31/07/2012 à 02/08/2012

Saímos de: Ciudad Bolivar, Venezuela

Destino: Parque Nacional de Canaima, Venezuela

Distância: 180 km

Tempo de viagem: Cerca de uma hora

Trajeto: Pegamos um avião monomotor do aeroporto de Ciudad Bolivar até Canaima.

Onde dormimos: Acampamento da Tiuna Tours

Pneu cheio: O visual da Lagoa de Canaima é único! A sequência de quedas d’água desaguando em uma bela lagoa em frente à praia, com vista das mesetas de fundo foi uma paisagem inesquecível e nos marcou mais que o próprio Salto Angel.

Pneu murcho: Má acomodação e despreparo dos guias. O serviço prestado pela Tiuna Tours de maneira geral durante o passeio não foi dos melhores. O guia não explicava coisa alguma, a comida era a mesma todos os dias e a acomodação era bem mais ou menos. São detalhes que incomodaram um pouco durante a nossa visita àquele paraíso.

Parque Nacional de Canaima (Venezuela) – Balé das Águas

Dizem que ir à Venezuela e não conhecer o Salto Angel é como ir ao Peru e deixar de visitar Machu Pichu. O principal cartão do postal do país realmente impressiona pela grandiosidade. O Salto Angel é a maior cachoeira do mundo com quase 1 km de queda d’água (979 metros, sendo que 807m são ininterruptos). Com este cartão de visita, não poderíamos deixar de incluí-lo em nossa rota e decidimos que este seria nosso primeiro atrativo a ser visitado na Venezuela.

A cachoeira está no coração do Parque Nacional de Canaima, localizado a sudeste do país e relativamente próximo à fronteira com o Brasil. Por mais que fosse grande a vontade de chegar lá com a Tanajura, nossa amiga teria que nos esperar dessa vez, já que a única maneira de acessar o parque é por avião. Os vôos partem regularmente de Ciudad Bolivar e Puerto Ordaz, cidades localizadas pouco mais ao norte fronteira (aproximadamente 700 e 600 km para dentro da Venezuela). Optamos por sair de Ciudad Bolivar, uma vez que a cidade apresenta maior número de agências que realizam o passeio. Descobrimos mais tarde que seria mais negócio sair de Puerto Ordaz, dado que o passeio acaba saindo mais barato pela maior proximidade do trecho feito de avião. Vai ficar para a próxima.

Para ter uma noção do custo deste passeio, chegamos a buscar orçamento em uma agência na cidade de Santa Elena do Uarén, logo cruzando a divisa com o Brasil. A menina que nos atendeu na Adventure Tours esbanjava simpatia e até arriscava um português. As gargalhadas explodiram quando ela, depois de explicar o conteúdo do pacote, nos passou o preço: Bs 3900 (bolívares venezuelanos)!!! Era o equivalente a R$870, com a taxa de câmbio que conseguimos na fronteira (1R$ = Bs 4.5). Caríssimo! O preço era muito maior do que havíamos pesquisado para 3 dias e 2 noites em Canaima. A esse preço não faríamos o passeio. Deixamos a sorte para Ciudad Bolivar, onde tentaríamos negociar algo mais em conta.

Caminhando pelo casco histórico de Ciudad Bolivar, em direção à catedral da cidade, trombamos com a Excursiones Salto Angel, uma pequena agência de turismo gerenciada por um jovem casal, Rodman e Carla. Dessa vez, além da simpatia de sobra, o preço não era assustador: Bs 2500 (ou quase R$560). Muito menos do que o absurdo que nos foi oferecido em Santa Elena do Uarén. Depois de negociarmos mais um pouco, conseguimos fechar negócio por US$240 (+- Bs 2100 ou R$480). Além disso, teríamos que pagar Bs 30 (+- R$7) pela taxa aeroportuária e mais Bs 150 (+-R$33) para entrada no parque. Ainda circulamos por outras agências localizadas no aeroporto local em busca de um preço mais em conta, mas não encontramos. O Rodman de quebra nos ofereceu estadia em sua casa, na própria agência. Não pudemos recusar.

É ano eleitoral na Venezuela e era impossível estar lá e não perguntar a um Venezuelano sua posição em relação ao polêmico presidente do país. Aliás, o assunto nos saltava à vista a cada esquina, havia cartazes de Hugo Chavez por todos os cantos. “Corazón de mi pátria” era seu slogan depois de se recuperar da cirurgia. Há quem diga que ele nunca teve problemas de coração, e esta era só mais uma manobra marqueteira. Nunca vamos saber. Seu opositor Capriles Radonski também estava presente em alguns dos postes, mas em uma quantidade bem menor.

Conversamos sobre isso com o Rodman, opositor ao atual regime de Chavez. Sua visão era de que a falta de investimento privado no país com a nacionalização de empresas de diversos setores só aumenta a ineficiência da máquina estatal e impede o país de gerar empregos. Rodman acredita que a política assistencialista de Chavez aliada à grandeza do funcionalismo público no país deveria reelegê-lo mias uma vez. Pelo que pudemos perceber, Chavez representa uma dicotomia de amor e ódio entre os venezuelanos, com o fanatismo ressaltando em ambos os casos. Assunto delicado no país.

Jantamos em um restaurante que Rodman nos indicou. Imaginem uma cozinha simples, repleta de panelas e outros utensílios antigos, duas ou três mesas pequenas e algumas cadeiras. Para completar, uma senhora de sorriso fácil preparando o jantar. A sensação era de que estávamos na casa de nossas avós, esperando o jantar ser servido. O lugar era extremamente aconchegante. Imaginamos como um negócio simples daquele faria sucesso em São Paulo, onde as pessoas, que vivem no ritmo frenético da cidade, não sabem mais o que é uma comida caseira. Foi um belo jantar antes da nossa partida à Canaima na manhã do dia seguinte.

Acordamos cedo. Havia um táxi a nossa espera lá fora. Rodman já o havia instruído a nos levar ao lugar que acredita ser o melhor da cidade para provar as famosas arepas, iguaria típica na Venezuela, antes de seguirmos ao aeroporto. As arepas são massas de milho fritas em formato de disco que os venezuelanos costumam comer diariamente no café-da-manhã puro ou com manteiga. Comercialmente, costuma-se adicionar recheio. Neste lugar ao lado do aeroporto as opções de recheio eram várias: carne, frango, queijo, polvo, entre outras. Muito bem servidas, estavam uma delícia!

Sabíamos que nosso avião seria de pequeno porte, mas não imaginávamos quão minúsculo ele era de verdade. Nossa carona até Canaima era num monomotor da Rutaca, companhia aérea venezuelana. Juntamente com o piloto, completávamos o avião que tinha capacidade para exatamente cinco passageiros. O frio na barriga era inevitável, nunca havíamos andado em um avião tão pequeno. Motor em funcionamento e o teco-teco começa a se mover. Ainda com a janela aberta, sentíamos o vento no caminho da pista de decolagem. O avião tremia incessantemente e o barulho do motor era ensurdecedor. Uma pequena pausa para respirarmos e o avião acelera em velocidade. Enquanto o barulho e a tremedeira se intensificam o avião finalmente levanta vôo. Tudo tranquilo até aqui. Foi quando que, ao primeiro suspiro de alívio, um susto! Um urubu que se aproximava cada vez mais rápido atingiu com violência a asa direita do avião, que balançou instantaneamente. O pequeno alívio da decolagem deu lugar à apreensão. O silêncio tomou conta de nós no avião enquanto o piloto analisava a avaria. Alguns minutos de observação e por fim, um sorriso: “Todo bien!” Finalmente, poderíamos respirar. A partir daí, o resto da viagem foi com emoção, muita emoção.

A vista de cima é maravilhosa. O Parque é cercado de imensas mesetas de rocha chamadas tepuyes, cortadas por rios e colorida pela densa vegetação. Cerca de uma hora de vôo e descemos no pequeno aeroporto de Canaima. Um guia já nos esperava para levar ao acampamento da Tiuna Tours, a alguns minutos a pé do aeroporto.

A acomodação não é nem de perto das melhores, muito menos a comida, mas tudo bem, o nosso maior intuito não era comer e dormir mesmo. Acabamos sendo encaixados em um grupo que já estava por lá e o passeio que deveríamos fazer no dia seguinte, faríamos naquele mesmo dia. Mal chegamos e deveríamos partir para uma caminhada em direção ao barco que nos levaria à cachoeira mais alta do mundo.

O caminho é longo, ainda mais para quem já havia tomado um vôo de uma hora. Depois da caminhada de cerca de 40 minutos, a viagem de canoa motorizada leva aproximadamente 3 horas rio acima. Fomos alertados de que poderíamos nos molhar no caminho. Na verdade, nos encharcamos! A correnteza dos rios é fortíssima, de maneira que algumas vezes parecíamos estar em pleno mar aberto, com ondas em todas as direções. Era como um rafting sem remos. Seria até divertido se não fosse tão longo.

De longe, em meio à névoa, a figura do Salto Angel começava a aparecer. É de impressionar. Era fim de tarde quando chegamos ao acampamento, próximo à base da gigantesca queda d’água. Como já era tarde, ficaríamos no acampamento, uma vez que a visita ao ponto mais próximo ao Salto Angel implica seguir uma trilha de aproximadamente uma hora. Esta seria feita no dia seguinte, bem cedo.

Jogamos conversa fora com o pessoal do nosso grupo (um simpático casal de alemães, dois venezuelanos e outro casal composto por um dinamarquês e uma americana) antes de ir dormir. Passamos a noite em redes, amarradas em uma cabana no meio da mata. Assim como havíamos feito na Amazônia, com menos caranguejeiras dessa vez (pelo menos as que vimos!).

5 horas da manhã e todos já de pé para fazer a trilha. Era tão cedo, que o café-da-manhã só tomaríamos mais tarde. São cerca de 40 minutos até o mirante do Salto Angel. Lá se pode ver mais de perto o gigante venezuelano. Uma pena que o tempo não nos favoreceu. Diferente do dia anterior, estava chovendo e uma neblina cobria invariavelmente o topo do Salto. Sorte que tiramos algumas fotos mais nítidas no dia anterior do próprio acampamento. Seguindo um pouco mais adiante na trilha, pudemos mergulhar em um poço formado em meio à queda d’água do Salto Angel. Estava frio e chovendo, mas era uma oportunidade única na vida. Um pouco de coragem e estávamos na água, pelo menos alguns de nós.

Fizemos a trilha de volta e depois do café-da-manhã arrumamos as malas para mais 3 horas de volta pelo rio. O passeio torna-se um pouco cansativo pela distância sentado na canoa de madeira, levando rajadas de água na cara depois de passar uma noite na rede montada no meio do nada. Mas é o preço a se pagar para ver a maior cachoeira do mundo.

De volta ao acampamento da Tiuna Tours, tínhamos outro passeio agendado para a tarde. Ele consistia em uma volta pela lagoa de Canaima, de onde se pode observar uma sequência de três quedas d’água (Salto Ucaima, Salto Golondrina e Salto Hacha), seguido de uma visita ao Salto Sapo e Salto Sapito. A vista das quedas d’água da lagoa é difícil de descrever. Era como um espetáculo das águas, o lugar é bonito demais. Os tepuyes ao fundo dão um charme especial à paisagem. A visita ao Salto Sapo foi ainda mais surpreendente: poderíamos caminhar debaixo da cachoeira, por detrás da parede de água. É muito divertido, água para todo lado! Depois ainda podemos ter a vista do topo da queda d’água. Mais um visual de tirar o fôlego. Sendo sinceros, nos divertimos mais neste passeio do que no famoso Salto Angel, mas essa seria uma bela discussão.

No caminho de volta, pudemos observar alguns jovens jogando futebol na praia que margeava a lagoa. Brasileiros que somos, não poderíamos passar em branco. Levamos um dos venezuelanos que nos acompanhava no passeio e jogamos uma partida. Talvez tenha sido o futebol com o visual mais bonito até então. Quando mais vamos poder admirar uma sequência de quedas d’água em frente à praia entre uma jogada e outra? Foi um belo jogo. Ainda mais que vencemos!

A empolgação do passeio durante a tarde não poderia terminar em outra coisa que não fosse uma noite de rum e salsa em um bar à beira da lagoa de Canaima. Encontramos-nos com alguns venezuelanos e levamos a galera do acampamento para a festa. Aliás, éramos a festa praticamente. Além de nós, dois caisais completavam o público do bar naquela noite. Não poderíamos estar mais surpresos com a quantidade de músicas brasileiras que ouvimos. De sertanejo universitário ao funk carioca. Até as antigas do Olodum tocaram naquele dia! Impagável acompanhar japoneses, alemães, dinamarqueses, venezuelanos, pessoas de diversas nacionalidades curtindo juntas. Demos ótimas risadas, dançamos até não aguentarmos mais. Foi uma noite divertida.

Canaima foi um lugar especial da viagem. Nosso primeiro destino fora do Brasil acabou sendo um dos mais turísiticos da América do Sul. Pudemos conhecer e conversar com pessoas de todos os cantos do mundo, uma troca de experiências bastante interessante. É um passeio custoso e algumas vezes cansativo pelo despreperaro em termos de serviço. Mas como diria nosso amigo Fenrnado Pessoa: “tudo vale a pena se a alma não é pequena”. E valeu mesmo.

Para ver mais fotos de Canaima e do Salto Angel, acesse nosso Flickr clicando aqui!

13 Comentários

  • Augusto Says

    Blz galera.

    Ano que vem estou com em um grupo para fazer o Roraima e Salto Angel.
    No Roraima já fechamos com um guia. O problema é Salto Angel, saindo de Santa Elena. As agencias estão pedindo mais de 1000 reais/pessoa. Tô entao pesquisando agencias em Ciudad Bolivar e cai aqui.
    Tem o contato dessa agencia que levaram vcs até Salto Angel?
    Procurei no google e nao encontrei.

    Abcs e parabéns pelo site.

    • 4x1
      4x1 Says

      Fala Augusto, beleza e você?
      O único contato que temos com a agência que fez o nosso passeio é página deles no FB:
      https://www.facebook.com/salto.angel.568?fref=ts
      Eles foram bem solicitos e atenciosos, apesar de ter sido um pouco caro também (mas não saberia te dizer ao certo o valor, acredito que tenha sido por volta de 800 reais por pessoa).
      Espero que consiga estabelecer contato com eles!!
      Abração!

  • Olá meninos,
    Descobri o blog de vocês pelo meu marido, Helio Kwon, que estudou na sala do Gustavo, na FEA. Desde então, estou acompanhando a aventura de vocês sempre que dá uma acalmada aqui no trabalho – ler os relatos é um pouco como viajar, também.
    O Salto Angel é um dos lugares na minha listinha de to-go em breve. Quero casar uma visita ao Parque de Canaima com uns dias de lagartixa em Los Roques!

    Parabéns pelo blog, pelas fotos superlindas, pela organização da viagem, pela coragem de sair “mundão afora”…

    Um abraço e keep walking.

    • 4x1
      4x1 Says

      Oi Fernanda!! Que legal ter descoberto blog!!
      Mais legal ainda é saber que dá pra viajar um pouquinho lendo os relatos, ficamos felizes de verdade com isso!!
      Sobre a sua ida pra Venezuela, essa é uma boa ideia de roteiro mesmo! Infelizmente não conseguimos ir para Los Roques, mas continua na nossa lista!
      Desconfiamos que esses dois lugares sejam os melhores da Venezuela!
      Muito obrigado pelos elogios!
      Abração!

  • Luiz Norato Says

    Muita aventura, muita beleza, muita loucura!!! Que a força motriz de sua jornada continue sendo a alegria.
    ‘Hasta luego!’

  • Grace Says

    Legal! Tá aí um lugar que gostaria de ir . . . fica na lista e um dia vamos! Que bom que provaram (e gostaram) das arepas! = ) Have fun! Beijos!

    • 4x1
      4x1 Says

      Vale mesmo a pena ir Grace! Apesar do trajeto ser bem cansativo a supresa é revigorante! Mas ó, quando for escolha um mês que não tenha neblina, a vista fica muito mais bonita! Beijos e até mais!

  • Gisèlle Paulucci A. Maranhão Says

    Meninos… Que Loucura!!!
    Essa aventura foi com muuuita Emoção!
    Graças a Deus esse tempo já passou e tudo deu certo.
    Podem acreditar o coração bate mais forte…bem mais forte só de ler estes relatos!
    Proteção e Sucesso!
    Bjs.
    Gisèlle

  • Olá Rapaziada,

    Como estou analisando a viagem está seguindo à todo vapor. Já estão na Venezuela….muito Bom!

    Vamos ver aquele esquema de vcs mandarem para gente relatos de suas aventuras em um minuto… (gravado em mp3 ou mp4).

    Estamos a disposição para divulgar esta aventura.

    Meu email é jean.tonsig@estadao.com ou jtonsig@gmail.com

    abraços e boa super viagem!!!!

  • Fantástico galera! Que emocionante. Depois que o susto passa com os inconvenientes do avião e a viagem de barco (rafting), fica a lembrança da emoção e a felicidade de ter dado tudo certo!
    Beleza, vamos viajando com vocês!
    Abraços!

    • 4x1
      4x1 Says

      É verdade, Rogério! Realemente, as lembranças dos bons momentos ficam muito mais marcadas na memória do que os sustos!! E no final, tudo vale a pena! Abração e até a próxima!

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