Traducción / Translation


Acompanhe aqui os relatos, dicas, fotos e vídeos da Expedição 4x1 Retratos das Américas!



Spot

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Um Peixe Fora D’água

Ficha 4×1

Data: 12/01/2013 à 13/01/2013

Saímos de: Laguna Bacalar – México

Distância total: +- 180 km

Onde dormimos: Seaside Guest House, um hostel arrumado, próximo à orla.

Pneu Cheio: A sensação de estar em outro mundo. Belize é de fato, um lugar diferente.

Destino final: Belize City – Belize

Tempo de viagem: 3 horas, com direito a almoço

O que comemos de bom: Frango, arroz, feijão e banana. Não precisamos de mais que isso.

Pneu murcho: Largada às moscas. Não demoramos a perceber a pobreza e o descaso que é a cidade de Belize City.

Trajeto: Cruzamos a fronteira para Santa Elena, e tomamos a Northern Highway direto ao coração de Belize City.

Belize – Um Peixe Fora D’água

Tomamos nosso café-da-manhã na Laguna de Bacalar, preparamos a Tanajura e botamos o pé na estrada. Depois de quase dois meses desde que cruzamos a fronteira em Tijuana, estávamos enfim, despedindo-nos do México, um país que vai deixar saudades. Mas tínhamos que seguir! Estava pela frente, a incógnita das Américas para a Expedição 4×1, a região sobre a qual menos conhecíamos. E nos deparamos de pronto com o país que talvez seja o mais único entre seus vizinhos. Uma nação de cor diferente, ritmos diferentes, idioma diferente. Nada mais exótico que Belize para dar as boas-vindas à nossa viagem pela América Central.

A partir do momento em que cruzamos a fronteira do México, as coisas começaram a mudar. A aparência indígena das pessoas nas ruas dava gradualmente lugar aos negros. As placas em espanhol já eram escassas, e as novas indicavam tudo em inglês. E onde estavam os tacos e burritos? Era como se tivéssemos atravessado um portal na fronteira e saído em outra parte do mundo.

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A Fronteira

Belize é definitivamente um peixe fora d’água na América Central. Dos países continentais, é o único com influência colonial inglesa. Não por menos, a língua oficial do país é o inglês. Mas um inglês com sotaque diferente. Por estar onde está, em Belize também se fala muito o castelhano e o crioulo, um idioma derivado do inglês, com influência do espanhol.

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Crianças indo à escolar em Belize City

Os maias dominavam a região até que em meados do século XVII chegaram exploradores ingleses à costa, interessados na madeira abundante. Os espanhóis ainda não haviam atingido essa região na época. Conhecida como Honduras Britânicas nos tempos coloniais, Belize só ganhou seu nome atual em 1973, quando já tinha maior independência política da Grã- Bretanha. Mas a independência de verdade mesmo só veio em 1981, com a intermediação dos EUA. O seu vizinho, a Guatemala, ainda hoje não reconhece Belize como um estado independente e clama seu território para si.

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Casa aos pedaços, cena típica de Belize City

O país é uma verdadeira mistureba de costumes e tradições de índios, brancos e negros. A população belizenha é composta em sua maior parte por pessoas de ascendência multirracial. Cerca de metade da população é de origem mestiça (maias e europeus), um quarto é de ascendência africana e afro-européia (crioula), aproximadamente 10% são maias e cerca de 6% são afro-ameríndios (Garifuna). O restante inclui grupos de origem européia, indiana, chinesa, norte-americana e do médio oriente.

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O branco e o negro se misturam na cidade

Mas não é só de riqueza e singularidade cultural de que vive Belize. A natureza foi bastante generosa com o país. Além da rica fauna e flora da floresta, a costa belizenha é algo de se impressionar. A Barreira de Corais Mesoamericana (segunda maior do mundo) corta o litoral do país de norte a sul e proporciona um mundo à parte debaixo do mar. O Blue Hole, um enorme buraco no meio do mar, é uma verdadeira reserva natural, e faz juz à fama que tem entre os mergulhadores do mundo. Próximas à costa, diversas ilhas (ou cayes como chama os locais) oferecem cenários paradisíacos e são o ponto de partida para a exploração subaquática.

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Barcos de pesca no “porto” da cidade

Mal entramos no país e tomamos rumo em direção ao litoral. O destino eram a ilhas do Caribe. Para alcançá-lo, era necessária uma parada em Belize City, maior cidade do país com pouco mais de 60 mil habitantes (Belize tem no total cerca de 330 mil habitantes, menor que a cidade de Santos!) e tomada erroneamente como sua capital (a oficial é Belmopan!). O lugar era um caos! Carros velhos e barulhentos preenchem o centro da cidade, onde multidões caminham pelas ruas sujas. As casas estavam mais para barracos, e no primeiro momento deram a impressão de que estávamos em uma verdadeira favela.

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Casas de madeira antigas se espalham por todos cantos

A Tanajura, como não poderia deixar de ser, chamava a atenção dos locais, que a todo momento se aproximavam do carro para dizer qualquer coisa. Os belizenhos gostam de falar, em poucos minutos na cidade conhecemos uma mão cheia de malucos. Mas não podemos negar sua simpatia. Um deles, engraçadíssimo se chamava Charles. Conseguiu nossa atenção por quase 40 minutos ao nos dar uma aula de história de Belize. Ele era professor universitário, mas a aparência estava mais para a de um mendigo de rua. Julgamento que logo cai por terra em poucos minutos de conversa. Eles nos fez “Embaixadores de Belize” (com direito a juramento e tudo!), para que falássemos bem do país mundo afora. Que figura!

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Prince Charles belizenho

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Tivemos uma aula de história em plena rua

Nossa primeira missão na cidade foi encontrar aonde pegaríamos o barco para Caye Caulker, uma ilha a poucos km da costa e um dos principais pontos turísticos do país. Depois da Magdalena (nosso GPS) nos guiar em círculos por um bom tempo, algumas perguntas para os locais e chegamos às agências que fazem o transporte para conferir preços e horários. Como era fim de tarde e o último barco estava para sair, decidimos passar a noite no caos mesmo e seguir para a ilha na manhã seguinte.

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Trânsito caótico nas ruas de Belize City

O dólar belizenho vale praticamente a mesma coisa que um real, então perdemos a vantagem que tínhamos no câmbio. O país acaba sendo relativamente caro para comer e se hospedar, se comparássemos ao México. Acabamos jantando no nosso hostel, o Seaside Guest House, perto da orla. O lugar é arrumadinho e a dona/recepcionista/cozinheira fez uma janta para a gente lá mesmo. Para completar o currículo, ela era jogadora em atividade da seleção profissional de futebol de Belize. Quando perguntamos o que poderíamos fazer pela noite de sábado, ela nos convidou para uma volta na cidade.

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Nossa hospedagem

A dona Elize nos guiou pelas ruas da cidade, que estavam impressionantemente vazias. Descobrimos que a população local estava enclausurada em casa nos últimos dias, depois que uma série de assassinatos bizarramente brutais, resultado do acerto de contas entre gangues e policiais, ocorreram na cidade. Realmente dizem que Belize City não é das mais seguras, e de fato, sentimos um pouco de medo ao caminhar pelas ruas.

Foi aí que ela nos indicou aonde estava o agito. Fomos parar num boteco, daqueles bem fubeca, onde os locais se divertiam a valer no karaokê. Que cena! Não pudemos de tomar uma cerveja local (Belikin) na companhia de um cachorro que nos seguiu o caminho inteiro até o bar. Foi uma experiência no mínimo curiosa.

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Mais casinha de madeira

Buscamos nos guias e conversas com os locais algum lugar para conhecer na cidade, mas foi difícil encontrar algo. Belize City não é lá uma cidade muito turística, muito menos amigável. Entramos no Tribunal, passamos pelo Palácio do Governo, e chegamos por acaso em um Centro Cultural, que é lar de diversas apresentações na cidade. Não é muito como um museu, mas pudemos ver alguma coisa, principalmente do patrimônio nacional que é o Punta Rock, um ritmo tradicional do povo Garifuna.

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Galeria no Centro Cultural

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Tribunal Regional

Se teve alguma coisa que a gente gostou em Belize City, foi a comida. Os temperos, com pimenta e coco, lembram a cozinha caribenha. Variedade não havia, mas o que tinha era muito bom. Frango temperado, arroz com feijão misturados e banana frita ou assada. Simples e gostoso.

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A comida era uma delícia

Entrar em Belize foi como um choque. De cara, já percebemos que este era o lugar mais diferente em que estivemos durante a viagem inteira até aqui. E esses eram apenas nossos primeiros dias na América Central.

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Gustavo fantasiado de bandeira de Belize

Para mais fotos de Belize City, clique aqui!

5 Comentários

  • É realmente fantástico conhecer essa cultura tão diferente dos países vizinhos. Invariavelmente a população negra em qualquer parte do mundo tem características similares com relação a qualidade e o modo de vida. Obviamente nao conheço o mundo todo mas pelos relatos de vocês, tive a impressão de estar entrando numa área de negros na Florida parecendo ser muito similar o tipo de vida.

  • Dulce Mello de menezes Says

    Garotos, que viagem! Adoro encontrar estes lugares perdidos no tempo, sem conecsão com o mundo tão igual de hoje. O professor figura… Que desperdício…
    De que vale uma independência dos “poderosos” ? Fico a pensar, vale e valeu a pena?
    Santa ignorância minha! Estudando o mapa do México para a viagem, vi que tinha esta região com este nome. Nunca sabia que era um pais. Perdi esta passagem de status na midia. Nunca sabia.
    Quero saber se realmente a ilha vale a pena. É mesmo bonita?
    Continuo rezando para que o Universo abençoe vocês,
    doando além de paz e saúde, muita alegria e união e que
    vocês saibam o real valor desta experiência na vida de vocês.
    Muito carinho, cheio de Axé, Dulce, a baiana

    • 4x1
      4x1 Says

      Oi Dulce!

      Belize é um país atípico, muito diferente de tudo! Na nossa opinião vale a pena conhecer sim, pela experiência de uma sociedade tão diferente e pela beleza das ilhas e praias que existem por lá!
      Muito obrigado pelas suas doces palavras, Dulce! Muito carinho para você também! Forte abraço de todos nós =)

  • Alinne Amorim Says

    Oi Meninossss!

    Nossa, forte esse contraste, realmente parece um mundo a parte…

    Abraços!!

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