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Acompanhe aqui os relatos, dicas, fotos e vídeos da Expedição 4x1 Retratos das Américas!



Spot

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Alaska Highway – O fim da ida

Ficha 4×1

Data: 21/09/2012 à 24/09/2012

Saímos de: Seattle, WA

Destino: Fairbanks, AK

Distância: 3,660 km

Tempo de viagem: 4 dias praticamente inteiros de muita estrada

Trajeto: Seguimos pela Cariboo Highway de Seattle até a cidade de Prince George, já no Canadá. De lá seguimos cerca de 405km pela BC-97 até Dawson Creek, a milha zero da Alaska Highway. Cruzamos a estrada toda até sua última milha em Delta Junction, onde tomamos a Richardson Highway em sentido à Fairbanks.

Onde dormimos: Paramos em alguns estacionamentos de hotéis e também em áreas de camping no caminho. Apesar de diversos estabelecimentos já estarem fechados para a temporada de inverno, ainda era possível encontrar algumas acomodações.

O que comemos de diferente: Salmão natural e fresco. O peixe é realmente especial por lá.

Pneu cheio: Inspiração e beleza na natureza selvagem. O passeio pela estrada é como um safari a céu aberto. Animais cruzam com frequência o caminho, repleto de paisagens realmente inspiradoras.

Pneu murcho: Muita estrada em pouco tempo! Não quisemos tomar o risco da neve tomar conta do trajeto, então aceleramos nossa passagem pela Alaska Highway. Infelizmente, deixamos algumas cidades históricas e interessantes pelo caminho.

Alaska Highway – O fim da ida

Lendária, mística, selvagem. Um único adjetivo não seria justo para descrever o que é a famosa Alaska Highway. À parte do simbolismo de se atingir um dos extremos do continente americano, paisagens de tirar o fôlego, intensa vida selvagem e riqueza cultural dão o tom nos mais de dois mil quilômetros que cruzam o norte gelado da América.

Vida selvagem é o que não falta na estrada

Com o atraso para a retirada da Tanajura em Seattle (vide post aqui), o tempo, que já era um recurso bastante escasso para nós, encurtou ainda mais. Setembro chegava ao fim, e com ele o que sobrou do verão no Alasca. Os dias ensolarados de temperaturas amenas davam lugar a dias mais fechados e muito mais frios. O verde da vegetação passava ao amarelo, típico do  outono, e também ao branco da neve, que já dava as caras em algumas partes por ali. Tudo isso seria o menor dos problemas, se algumas das atrações e estradas ao longo do caminho não fechassem devido às condições climáticas mais difíceis.

O amarelo toma conta da paisagem no outono

A fim de minimizar os riscos de perdemos alguma coisa, entre elas o gigantesco Denali, principal parque da região, decidimos encarar a estrada de frente e cruzá-la o mais rápido que pudéssemos, dentro dos limites do razoável. Dirigiríamos praticamente direto: 3.660 km em 4 dias, uma média de 915 km por dia. Haja paciência para tanto chão! Foi um dia após o outro de muita estrada, mas também diversas surpresas no caminho.

Tanajura curtindo a viagem

Construída para conectar o isolado território do Alasca aos outros estados norte-americanos, diante das ofensivas japonesas na região durante a Segunda Guerra Mundial, a Alaska Highway (também conhecida como Alaskan Highway, Alaska-Canadian Highway, ou ALCAN Highway) é motivo de êxtase para inúmeros aventureiros e viajantes de plantão. A estrada atravessa oficialmente 2.288 km ou 1.422 milhas entre as cidades de Dawson Creek, no estado canadense da British Columbia, e Delta Junction, já no Alasca, cruzando uma parte do inóspito Yukon Territory, a última fronteira do Canadá. Versões não oficiais vêem a estrada como continuação da famosa Rodovia Pan-Americana, que cruza o continente desde o sul da Argentina, ou a estendem até a cidade de Fairbanks, que era exatamente o nosso destino final.

Entrada na lendária Alaska Highway

Diferente da época em que foi inaugurada, no ano de 1942, a Alaska Highway agora conta com estradas completamente pavimentadas e não representa mais um trecho de direção difícil e desafiadora, mas sim um passeio inesquecível pelo extremo norte das Américas. Destacam-se diversos pontos de parada ao longo de todo o trajeto, no que costumam chamar de historic mileposts (ou milhagens históricas). Os mileposts contam um pouco da história e da evolução do processo de ocupação da região, mantendo sua herança cultural bem preservada em museus e centros de atendimento a turistas. A cidade de Dawson Creek, na British Columbia, é a primeira delas, a milha zero da estrada. Dirigimos cerca de 1,500 km desde Seattle (com direito a uma passagem tranquila pela fronteira Estados Unidos-Canadá e uma noite de sono na cidade de Prince George, BC), antes de atingirmos a famosa estrada. Dali, cruzaríamos cada milha da Alaska Highway, e estenderíamos até a cidade de Fairbanks, AK, onde finalmente relaxaríamos algum tempo.

Passagem tranquila pela fronteira do Canadá

Nosso primeiro dia de maratona nos deu uma ideia do que o frio e as coisas ligadas a ele podem fazer. O termômetro marcava cerca de 4ºC e a neblina tomava conta de Prince George, BC, quando chegamos no fim de noite, depois de 900 km dirigidos. Nossa usual busca por um lugar para passar a noite foi dificultada pelo fechamento de diversos RV Parkings (estacionamentos de trailers) e áreas de camping, que já haviam fechado para o inverno e só voltariam a funcionar em maio de 2013! Felizmente, encontramos um Bed&Breakfast à beira da estrada. Apesar de lotado, permitiram-nos dormir no estacionamento, nas nossas queridas barracas. Seria nossa primeira experiência com elas em uma temperatura tão baixa. Nem o chocolate quente oferecido pela simpática proprietária do local foi suficiente para esquentar a madrugada, quando as temperaturas devem ter baixado ainda mais. Mas sobrevivemos! Achávamos que isso era frio de verdade, porém o resto da viagem nos mostraria que ainda teríamos muito o que sofrer!

A caminho do Alaska

Manhã gelada em Prince George

Partimos cedo pela manhã de Prince George, 406 km adiante em direção à Dawson Creek (milha 0). A pequena cidade no nordeste da British Columbia não é a dos seriados de TV da década de 90, mas sim o marco inicial da nossa passagem pela Alaska Highway. Não pudemos deixar de parar lá para coletar informações turísticas no centro de visitantes da cidade e também para tirar uma foto nas placas que indicam a entrada em uma das mais famosas estradas das Américas. Aproveitamos também para almoçar em um dos poucos restaurantes da cidade, antes de seguirmos viagem à Fort Nelson (milha 300), BC, 454 km à frente, onde encontramos um RV parking para passar a noite.

Dawson Creek, a milha zero da Alaska Highway

Informações úteis no Visitor Center de Dawson Creek

Mais um dia de estrada! A meta agora era chegar a Whitehorse (milha 918), já no Yukon. Por incrível que pareça, era a maior das cidades que encontraríamos até o fim da estrada, em Delta Junction. Não podíamos acreditar que tal poderia passar os inacreditáveis 20 MIL HABITANTES! ISSO MESMO, 20 MIL! Um estádio de futebol quase cheio em dia de clássico. E ainda era realmente maior que suas vizinhas, passamos por cidades que não chegavam a 5 mil habitantes. Para se ter uma ideia, o gelado território do Yukon abriga apenas pouco mais de 30 mil pessoas. Desde o norte da British Columbia as pequenas cidades são relativamente similares entre si no sentido de que todas tem um ou outro restaurante, um posto de gasolina e uma igreja.

Bela paisagens pelo caminho

Tanajura posando para foto em uma ponte na British Columbia

No caminho, uma surpresa. Um urso preto (black bear) cruzou a estrada. Por alguns segundos ele olhou assustado para a Tanajura, como uma criança pega no flagra diante de uma travessura. Assustado, correu para a floresta antes que conseguíssemos registrar uma foto. Havíamos passado por alces, renas, ovelhas e diversos pássaros exóticos da região. Mas aquele foi o primeiro urso que vimos na viagem. Ficamos ainda mais ansiosos para encontrar mais deles no trajeto.

Chegada ao inóspito Yukon

Empolgação na estrada!

Este último trecho foi o que tivemos mais paradas no caminho.  Recomendados por diversas pessoas com quem conversamos na estrada, decidimos fazer uma parada rápida no Liard River Hot Springs (milha 496), onde piscinas naturais de banho surpreendentemente quente se encontram em meio ao gelo das montanhas. Apesar da vontade, mantivemos o foco e deixamos o banho para depois, já que a ideia era chegarmos à Whitehorse ainda no mesmo dia.

Liard River Hot Springs em reforma

Banho quente no frio do Canadá

Caminhada até as piscinas naturais

Outra parada foi na cidade de Watson Lake, YT (milha 635). Essa era essencial. Durante a construção da Alaska Highway, um soldado americano com saudade de casa começou uma das maiores tradições da estrada: colocou uma placa da sua cidade no meio da floresta, como uma lembrança da sua terra natal. A partir daí, viajantes do mundo inteiro fizeram o mesmo. Hoje o local já conta com mais de 75.000 placas de todos os tipos e origens, formando a Sign Post Forest. Quem não tinha placa, deixava qualquer tipo de referência à sua passagem. Adesivos, panelas, madeiras talhadas, quadros, tinha de tudo. Nós também tivemos que usar a criatividade. Sem nenhuma placa em mãos, vimos nas nossas queridas sandálias Havaianas, o objeto mais original do Brasil que poderíamos deixar como a marca da Expedição 4×1 por ali. Depois disso, seguimos direto a Whitehorse, onde passaríamos nossa última noite até nossa tão desejada chegada ao Alasca!

Sign Post Forest, uma imensa floresta de placas em Watson Lake,BC

Marca da Expedição 4×1 na floresta de placas

Cerca de 480 km de mais estrada e finalmente chegamos! Nossa primeira meta na viagem, o lugar mais distante e maluco da América que gostaríamos de chegar de carro, aquele que deu origem à aventura estava a li, à nossa frente! CHEGAMOS NO ALASCA!! Era um ponto importante para nós, uma vez que o que chamávamos de “ida” estava (ou pelo menos parecia estar) chegando ao fim. Tudo dali para frente, saindo do Alasca, seria considerada nossa volta para casa. Quase quatro meses de viagem e uma parte importante da missão estava cumprida. Curiosamente, o dia estava bonito, ensolarado e com muitos mosquitos, para nos lembrarmos de casa.

Chegamos ao Alasca! Que alegria!

De um lado Estados Unidos, do outro Canadá

A região fronteiriça se estende por alguns kilometros, e exalta a relação pacífica entre os dois países, não havendo controle policial em um grande trecho de passagem entre as alfândegas. Aliás, a fronteira oficial é marca por uma faixa sem árvores entre os dois países. Não precisamos registrar saída do Canadá e passamos novamente a fronteira para a terra do tio Sam (mais uma vez sem problemas).

Fronteira sem árvores entre o Alasca e o Yukon

Mais alguns kilometros e atingimos o fim oficial da Alaska Highway, em Delta Junction (mile 1.422), e estendemos nossa rota até Fairbanks, o real fim da estrada para várias pessoas. Os quatro dias de viagem, apesar de cansativos, proporcionaram algumas paisagens e experiências bastante interessantes e marcantes. O caminho inteiro, desde a British Columbia, o Yukon até o Alasca, é permeado por belas paisagens de montanhas e vegetação de coníferas. Isso sem contar os animais que cruzavam nosso caminho pela estrada! A vontade era de parar para tirarmos fotos a toda hora.

Invadindo o habitat alheio

Veados atravessam a estrada

Búfalo passeando com a Tanajura

Para quem também pretende se aventurar por essa estrada no outono, deixamos aqui os célebres dez mandamentos que acabamos de inventar sobre a Alaska Highway:

1)    Não piscarás durante o dia! Em um piscar de olhos, ursos, alces, renas, pássaros ou qualquer outro animal que você nunca teve a chance de ver de perto pode cruzar o seu caminho. Isso sem contar as paisagens de tirar o fôlego. As regiões geladas e inóspitas são bastante selvagens, e a natureza parece que se mantém relativamente intocável na região.

2)    Buscarás a Aurora durante a noite! Não demos sorte com Aurora Boreal nesse trecho da viagem, mas estávamos sempre de olhos abertos. A partir do Yukon, as chances de ver este fenômeno maravilhoso aumentam significativamente. Nossos amigos do 1000dias recomendaram um ótimo site para acompanhar as previsões (veja aqui).

3)    Não perderás um posto de combustível! É comum passar por mais de 200 km sem nenhuma cidadezinha com um posto para abastecer, principalmente se estiver rodando com diesel. Apesar do combustível mais caro, principalmente no Canadá, não deixamos as oportunidades passarem.

4)    Parai nas milhas históricas! Cada milha histórica tem uma história para contar ou um grande atrativo para conhecer. Infelizmente estávamos com pressa e só passamos por algumas delas. Ficamos na vontade.

5)    Compreenderás a quem cedo madruga! A maioria dos serviços se encerram mais cedo que o comum. Dificilmente se encontrará um restaurante aberto após as 9 da noite (nós passamos alguns perrengues por conta disso). Nada que não se poderia esperar de cidades com menos 5 mil habitantes como a maioria das que se encontram no trajeto.

6)    Prepara-te para a chegada do inverno! Muitos estabelecimentos fecham para a temporada de inverno em meados de setembro e outubro. Estes permanecerão fechados até o próximo verão (Maio a Agosto).  Depois disso, o frio baixa e a neve toma conta, dificultando a circulação na região (ou até impossibilitando!).

7)    Deixarás uma lembrança em Watson Lake! Cruzar a Alaska Highway e não deixar uma recordação na Sign Post Forest é quase como não ter passado.

8)    Comerás tanto salmão quanto aguentares! Já nas redondezas do Alasca, o salmão fresco nos restaurantes aparece com mais frequência. Coma o quanto puder!

9)    Conduzirás com cautela! Gelo e estrada pode ser uma combinação perigosa, portanto todo cuidado é pouco neste caso.

10)   Não pensarás duas vezes e colocarás o pé na estrada! A Alaska Highway é uma experiência única para os amantes de viagem e aventura, e com certeza deve constar na maioria das listas das melhores road trips pelo mundo.

Para mais fotos da nossa passagem pela Alaska Highway, clique aqui.

15 Comentários

  • Margot Says

    Que legal!
    Acabei de encontrar este blog e estou adorando!
    Deus a ìbencoe cada um de voces, e continuem curtindo esta linda e inesquecivel aventura!
    Cabe a mim, pobre mortal, continuar viajando na viagem de voces ;)

    Um beijo no coracao

    • 4x1
      4x1 Says

      Oi Margot!! Que legal que encontrou e gostou do nosso site!! =)
      Amém, que Deus te abençoe também!
      Esperamos que continue viajando conosco por aqui!! Um beijo de todos nós!!

  • Pingback: Viagem de Carro | Overlanding | Domingão de Twittadas

  • Grace Says

    Showwww! Que saudades e boas lembranças! ADOREI a “Placa Havaianas” – perfeito! E muito legal os “10 Mandamento” também! Parabéns e fugam do frio! Rsrsrsrs!

    • 4x1
      4x1 Says

      Quando você fala que as nossas fotos e relatos te trazem boas lembranças já nos dá saudade antecipada da nossa expedição! hehehehe
      Temos certeza que vamos encontrar alguém fazendo esta mesma rota que a gente daqui há uns 2, 5, 10 anos e que vamos morrer de saudades dessa época fantástica que está sendo a viagem!!
      Ah, estamos fugindo do frrrrrrio, em breve já estaremos de volta às temperaturas positivas, UFA! hahahaha
      Beijão!

  • Christian Baines Says

    Queiram me desculpar pelo vocabulário: Fudidu! Que viagem do caralho!

  • emanuel Says

    Muito bom que deu certo.Agora é o começo da volta, uma boa viagem. Saudaçoes expedicionárias prá voces!
    Emanuel/Lençois/Ba/Br

  • Luiz Norato Says

    Estive acompanhando vocês o tempo todo como se estivesse ai com vocês.
    A cada post e relato me realizava já que tenho o desejo de realizar algo como o que estão fazendo. Agora desejo-lhes um bom retorno e que haja tanta surpresa boa quanto na ida e mais beleza e alegria.
    Obrigado por até aqui.
    Abraços e ‘God bless you!’

    • 4x1
      4x1 Says

      Oi Luiz!!
      É muito gratificante saber que existem pessoas como você, que nos acompanham e que sonham junto conosco!!!
      Muito obrigado pelos votos e tomara que o retorno seja realmente tão belo e inspirador como foi a vinda!!
      Grande abraço de todos nós!

  • GEYZA Says

    COOL!

  • Maravilhoso…Parabéns galera! O tão esperado objetivo alcançado! Estou emocionado por vocês aqui na minha mesa em Recife com uma temperatura próxima aos 28 graus imaginando onde vocês estariam agora. Tenho certeza que valeu muito esse objetivo alcançado. Mas lembrem-se mantenham-se atentos porque é justamente na calmaria que acontecem os maiores problemas. Palavras do célebre Amir Klink quando voltava da sua odisséia da Antartida e relaxou por algumas horas quando chegou em águas brasileiras na volta. Quase bateu seu veleiro porque esqueceu de um dos mandamentos da missão, que era subir no mastro a cada hora e olhar para o horizonte para se assegurar que não haveria outro barco no seu trajeto. Isso quase custou sua vida e a integridade do seu veleiro “Parati” quando quase bateu num navio argentino que estava fazendo turismo pela costa brasileira. Portanto atenção sempre! Abraços e tenham uma ótima jornada de volta. Estamos esperando vocês!

    • 4x1
      4x1 Says

      Oi Rogério! Que inveja desse calor aí no Recife, por aqui continuamos congelando!! hehehe
      Muito obrigado por ter nos acompanhado de perto até esta que foi a primeira grande conquista!! Esse seu companheirismo nos deixa sempre muito felizes!
      Ah, bem lembrado, a atenção é fundamental, é isso aí!!
      Grande abraço e obrigado pela amizade! :)

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