Traducción / Translation


Acompanhe aqui os relatos, dicas, fotos e vídeos da Expedição 4x1 Retratos das Américas!



Spot

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Um lugar chamado Alasca

Ficha 4×1

Data: 25/09/2012

Local: Fairbanks, AK (introdução ao Alasca)

Onde dormimos: Acampamos no estacionamento do supermercado Safeway em North Pole, ao lado de Fairbanks.

O que comemos de bom: Um delicioso salmão genuinamente pescado no Alasca!

Pneu Cheio: A visita ao Museum of the North na Universidade do Alasca.

Pneu murcho: a passagem por Fairbanks foi rápida, então não teve nenhum :)

Era no dia 24 de Setembro de 2012 que alcançávamos um dos principais objetivos da Expedição 4×1: o Alasca!

O sol dá as boas-vindas em um dos parques do Alasca – Denali National Park!

Após a passagem pela fronteira percorremos os últimos quilômetros daquele mágico 24 de Setembro. Seriam mais 450 km até nossa primeira parada no Alasca: a cidade de North Pole. Tínhamos acabado de jantar em Delta Junction e estávamos bastante cansados. A ideia inicial era ir até Fairbanks (seriam somente mais 20km) mas decidimos parar na simpática cidade onde fica a Casa do Papai Noel! Isso mesmo, aproveitando-se do nome North Pole (ou Pólo Norte, em português), a cidade possui uma casa do Papai Noel com coisas temáticas de Natal, é claro! Uma curiosidade é que, graças a isso tudo, os correios da cidade recebem anualmente centenas de milhares de cartas de crianças americanas que enviam, todo ano, seu pedido ao bom velhinho! :)  Com todos os acampamentos da região fechados por conta da chegada do inverno, resolvemos montar nossas barracas no estacionamento do supermercado Safeway! E deu tão certo que acabamos repetindo a dose na noite seguinte. (Embora a temperatura já estivesse abaixo dos 5 graus durante a noite)

Madalena (nosso GPS) conduz a Tanajura pelos primeiros quilômetros dentro do Alasca!

Mas o que é realmente o Alasca? O que há de tão especial nesse lugar e porque tantas pessoas acham que é loucura dirigir até lá? E porque inúmeros aventureiros e expedicionários sonham com o dia do encontro com aquele território? (Alguns podem até estar imaginando o Sérgio Chapelin proferindo essas perguntas em alguma chamada do Globo Repórter, né? hehehehe)

Bem, sonhos e expectativas individuais à parte, o Alasca compreende um dos maiores refúgios de vida selvagem do mundo. Homens, animais e plantas, adaptados ao rigoroso inverno proveniente do Ártico, estabelecem uma incrível e profunda relação de existência. As altas montanhas, os enormes glaciares, o espetáculo da aurora Boreal, Tudo ali se torna algo especial para quem tem o privilégio de conhecê-lo; especialmente para nós, habitantes dos trópicos!

O nome Alaska surgiu desde antes da colonização Russa e é derivado da palavra ‘alaxsxaq’, que em Aleúte (língua dos esquimós nativo das ilhas Aleútes – a Sudoeste do estado) significa a terra principal (the mainland); ou em uma interpretação mais literal da palavra original, o significado seria: ‘o objeto ao qual a ação do mar é direcionada’ (em uma tradução livre de ‘the object towards which the action of the sea is directed’). Mas a origem mais aceita atualmente, inclusive pelo Governo do Estado do Alaska, também é de origem Aleúte, sendo proveniente da palavra ‘Aleyska’ que significa ‘grande terra’ (tradução livre de great land). Conhecido atualmente por seus cidadãos como a ‘Last Frontier’ (Última Fronteira) é ao mesmo tempo o maior (em área) e o menos povoado estado norte-americano!

Placa de carro comum no Alasca que ressalta o fato do estado ser 'A Última Fronteira' (The Last Frontier)

Mas quem são os Aleútes? São aqueles que conhecemos como esquimós! Dependentes do mar, os Aleútes são os nativos do Alasca que ocuparam e ainda ocupam as ilhas Aleútes e regiões a sudoeste do estado. Foram eles os primeiros a terem contato e serem explorados pelos primeiros europeus a chegarem ao Alasca: os russos! Sim, os russos foram os primeiros a aportarem à região no final do século 17.

Teorias apontam que alguns expedicionários russos independentes, ou interessados em pesquisas, chegaram e habitaram algumas ilhas do Alasca entre 1650 e início dos 1700. Mas foi em 1728 que os russos fizeram a primeira expedição oficial para descobrirem o que de fato havia a leste da sua Sibéria. Assim, ‘Peter The Great’ enviou Vitus Bering (isso mesmo, o cara que deu origem ao nome do famoso estreito! :) para descobrir se a Ásia e a América do Norte eram um único continente. E como sabemos hoje, Bering provou que não! Algumas expedições posteriores foram feitas e, além de algumas ilhas, descobriram a parte continental do que hoje é o Alaska.

Texto remonta a chegada dos povos nativos do Alasca, provenientes da Ásia para a América pelo estreito de Bering; dezenas de milhares de anos antes da chegada dos Russos – no Museum of the North, em Fairbanks, AK

Relatos da abundância de animais marinhos como focas e lontras, entre outros animais peludos atraíram muitos comerciantes de pele de animais para a região e, a partir de 1794, algumas colônias russas foram fundadas nas costas sul e oeste do Alasca. Nesse início de exploração, os Russos tratavam os Aleútes de forma brutal! E não parava por ai! Em 1799, com a promessa de lucros para o governo Russo, estabilidade na região e a expansão do cristianismo entre os nativos foi estabelecida a Companhia Russo-Americana que deteve o monopólio do comércio de peles na região. (qualquer semelhança com o início da nossa colonização é mera coincidência :(  )E assim, cidades e povoados foram fundados no sudeste do Alasca que era onde vivia outro povo nativo do Alasca, baseado numa sociedade matriarcal e ainda mais populoso que os Aleútes: os Tlingit.

Insatisfeitos com a ocupação russa, em 1802 os Tlingit destroem a antiga cidade de Sitka, erguida pelos russos para expandir os negócios de pelo. Em 1804 a cidade de New Archangel (atual Sitka) é construída no lugar.

Mas, um drástico declínio na quantidade de lontras e a crescente competição com comerciantes americanos derrubam as receitas da empresa. As perdas financeiras e outros fatores políticos influenciaram a então venda do Alasca para os Estados Unidos em 1867 por 7,2 milhões de dólares (o equivalente a 120 milhões de dólares de hoje, ajustado pela inflação).

Texto retrata a "chegada" dos Americanos ao Alasca – no Museum of the North

A transição do controle russo para americano permite também uma mudança no papel dos nativos do Alasca. Alguns daqueles povos passam a cooperar com os americanos na caça e em outras atividades. Mas junto com esse novo papel, os americanos também trouxeram o álcool e a intolerância racial que provocou a diminuição gradual desses povos e de suas culturas. Nos 45 anos seguintes o estado rendeu bons frutos econômicos aos EUA.

Com a descoberta de minas de ouro e outros minerais no estado, inúmeros investimentos foram feitos, como a construção de estradas de ferro. Com isso milhares de pessoas vinham para o estado e pra região do Yukon (vizinha, no Canadá) em busca do sonho de ficarem ricas com a descoberta de ouro! (Lembram-se da história de Seattle como um trampolim? Não? se quiser, veja aqui) Assim, Juneau (a capital do Alasca) e boa parte das cidades do noroeste do Canadá foram fundadas nesse período. Muitas mineradoras funcionaram ali até o inicio do século. Mas a grande depressão (1929) e o início a Segunda Guerra Mundial (provocando a ida de muitos homens para combate) acabaram por prejudicar e encerrar a maioria das operações na região e o seu gradual despovoamento.

O Alasca vive hoje, basicamente, da exploração de óleo e gás natural (a exploração de petróleo representa 80% da economia do estado) e um pouco da exportação de pescados (especialmente salmão, bacalhau e caranguejo). Mas o descaso do governo central americano com o estado e o distanciamento físico dos principais pólos produtivos dos EUA são alguns dos motivos aos quais muitos cidadãos do Alasca clamam para o desejo de emancipação do estado e a criação de um novo país indepedente!

E foi lá em Fairbanks – mais precisamente no Museum of the North – dentro da University of Alaska que pudemos conhecer mais a fundo sobre esse “mundo” tão distante da nossa realidade! Acontece que, na manhã seguinte à noite de North Pole (era nosso segundo dia no Alasca) seguimos para Fairbanks para nos encontrarmos com a Karen (amiga da Rebeca lá de Seattle) e a Shelly – ambas nascidas e criadas no Alasca e que nos pagaram um delicioso almoço com salmão!!! Elas nos deram várias dicas de estradas, lugares e nos recomendaram a visita a esse museu, que pôde nos dar uma BELA introduzida ao que estávamos prestes a enfrentar naquele (até então) estranho desconhecido.

Expedição 4×1 com a Karen e a Shelly, em Fairbanks – Alasca

Com sua magnífica estrutura externa em forma de ângulos, curvas e pontas que chamam a atenção, o design do Museu do Norte busca remeter às formas naturais do Alasca: suas encostas, montanhas e glaciares! E além da história do estado, o museu aborda em detalhes os povos nativos do Alasca (suas tradições e hábitos), animais típicos e estuda as mudanças no clima em escala global e, principalmente, o impacto dessas mudanças na evolução da flora e da fauna! Muito interessante!

Museum of the North na Universidade do Alaska, em Fairbanks, AK

Nos sentíamos prontos! Saímos de lá no final de tarde e passamos nossa última noite, mais uma vez, no estacionamento do Safeway (era prático, pois era só acordarmos e irmos comprar pães e frios para o café da manhã!).

Era hora de desbravar o Alasca!!! E a próxima parada era justamente um dos ambientes mais inóspitos da Terra: o Ártico!!!!

EXTRA: CURIOSIDADES DO ALASCA!

Clima:

O Alasca é conhecido como uma das regiões mais frias do planeta. Mas é legal esclarecer algumas dúvidas:

Preocupado com a percepção dos turistas, o governo do Alasca conduziu uma pesquisa que apontou que mais de um terço dos visitantes do estado afirmam que as temperaturas encontradas foram melhores do que esperavam. (E se estivéssemos participado dessa pesquisa diríamos o mesmo! Mas não pegamos o inverno, né!) Durante os 3 meses do verão, as temperaturas são mais amenas e oscilam na casa dos 20°C nas principais cidades (ao sul do círculo Ártico) e gradualmente se aproximando de 0°C ainda no início do outono.

Muitos perguntam se lá o sol brilha o dia todo no verão. Bom, uma curiosidade é que Barrow, a cidade mais ao norte do Alasca (e consequentemente dos EUA) chega a ficar 85 dias consecutivos sem o sol se por!!! Mas, isso não acontece no estado todo, é claro! No entanto, as regiões dentro do Círculo Polar Ártico recebem ao menos um dia com 24h de sol no ano!

Já no inverno, as temperaturas podem chegar tranquilamente a -50°C no interior e norte do estado, com o sol aparecendo na maioria das regiões, no mínimo, em algumas horas do dia. Apenas no extremo norte o Sol fica sem aparecer por alguns dias. Nessa época, Barrow pode ficar até 2 meses sem ver o sol! Uma coisa que nos chamou a atenção foi saber que a região interior (e não o extremo norte) é onde são registradas as temperaturas mais frias do estado, onde em 1971, foi registrada a temperatura de -62,2°C.

Em pleno início de Outuno, a neve dá as caras no Denali – um dos principais parques do Alasca!

Cidades:

Apesar de possuir um dos maiores refúgios de vida selvagem do mundo, o Alasca não é composto só de iglus :). O estado possui algumas grandes cidades como, por exemplo, Anchorage, com quase 300.000 habitantes. A cidade contrasta da maioria de cidades do estado, possuindo “ares” das grandes cidades norte-americanas de igual porte, com ônibus modernos, grandes redes de fast-food e infraestrutura de primeiro mundo. Seguindo a ordem das maiores cidades, tem-se Fairbanks – a segunda maior – com quase 98 mil habitantes na região metropolitana, seguida de Juneau (a capital) com 31 mil e as cidades de Sitka e Ketchikan ambas em torno de 8 mil habitantes cada uma. Sendo essas 3 últimas dentro do Inside Passage (a Passagem Interior – mais informações abaixo).

Ao fundo, a pequena cidade de Wrangell, na Passagem interior (Inside Passage), Alasca

Altitude:

O Alasca possui também 17 dos 20 maiores picos dos EUA e seu ponto mais alto, o Monte McKinley (ou Denali como também é conhecido) com mais de 6.196 metros é também o ponto mais alto de toda a América do Norte.

Tanajura e Madalena avistam as altas montanhas em um dos parques do Alasca

Área:

É o maior estado norte-americano sendo duas vezes maior que o segundo colocado, o Texas. O estado é dividido em 6 regiões: Encosta Norte, Interior, Sudoeste, Centro-Sul, Sudeste – que é mais conhecida como Panhandle (“cabo de panela” – devido ao seu formato com relação ao resto do estado) ou ainda Inside Passage (passagem interior) – e as ilhas Aleútes.  As ilhas Aleútes, que se estendem a oeste a partir do sul do estado, chegam tão próximas da Rússia que a distância do Alasca ao território Russo é de apenas 4,8km!!! A Expedição ficou 15 dias no Alasca e passou por 4 dessas 6 regiões! Acompanhe os próximos posts para saber como foi!!

12 Comentários

  • Galera!!! Parabéns pela aula de geografia/história e principalmente pela conclusão da etapa mais importante da viagem de vocês, cada vez que alguém chega ao Alaska de uma certa forma esta representando todos os viajantes que já foram e os que estão a espera de ir.

    Grande abraço a todos.

    • 4x1
      4x1 Says

      Olá Guilherme!!
      Realmente viajar dessa forma tem sido uma MEGA aula de história e geografial in loco!!! Além, é claro, das experiências que temos com as pessoas que habitam em cada canto das Américas!
      Continue acompanhando os próximos posts porque virão ainda mais novidades!
      Forte abraço!

  • GEYZA Says

    YOU GUYS MADE IT!!!!!!
    QUE BELA EX´PLANAÇÃO!!!!
    ESTAMO MUITO FELIZES POR VCS!
    TENHAM SEMPRE UMA VIAGEM SEGURA E LEMBREN-SE QUE MARIA PASSA NA FRENTE!
    BACCIOLOS!

  • Fabiana Obeid Says

    Meninos!!!!
    Vocês conseguiram, tô tão orgulhosa de vocês!!!! ´Parabéns!!!
    Tô acompanhando o blog!
    Bom retorno.

    beijos,
    Fabi.

    • 4x1
      4x1 Says

      Oi Fabi!!
      Conseguimos e foi uma baita experiência, viu!!
      Nos próximos posts detalharemos tudo o que vivemos ali no Alasca!!
      Beijos

  • Fala moçada 4×1, aqui é o Tide. Fantástico este post, parece um documentário do National Geographic…valeu!! Vocês nos deram um panorama deste estado americano tão distante de todos nós e que vocês “trouxeram” para tão perto que despertou a vontade de conhecer, pelo menos no final da primavera e verão. Fiquei curioso para saber mais detalhes que por certo virão nos próximos posts. Forte abraço do amigo Tide.

    • 4x1
      4x1 Says

      Fala Tide!!
      Obrigado pelo elogio!! Quem sabe a National Geographic não se interessa pelos nossos relatos ne! hahaha
      Mas a intenção foi justamente essa: de abrir pra vocês o mundo que se abriu pra gente quando visitamos o museu! E, é claro, com a experiência ao vivo que vocês poderão ler nos próximos posts.
      Abração!

  • 4X1 é cultura! Que aprendizado fantástico. Adorei! Jamais poderia imaninar entre outras coisas, que residem 300mil habitantes em Anchorage. Isso pra mim foi uma surpresa. Tenho muita vontade de conhecer o Alaska e agora mais ainda!
    Parabéns galera…valeu!

    • 4x1
      4x1 Says

      Fala Rogério!!
      É verdade também ficamos surpresos, porque atée chegarmos em Anchorage havíamos passado por mais de 4 cidades e todas não tinham nem 30 mil habitantes! hahaha…
      Mas o melhor do Alasca estão justamente nessas cidades menores! Nos próximos posts iremos contar a magia de cada lugar! Foi sensacional!!
      E quando for pro Alasca nos avise para podermos bater um papo!
      Abração!

  • Gisèlle Paulucci A. Maranhão Says

    Parabéns pela aula de história!
    É muito bom poder aprender sobre este lugar tão distante e desconhecido para nós.
    O Post está muito bacana!
    Boa Viagem para vocês!

    • 4x1
      4x1 Says

      Que legal tia Giselle!! Muito obrigado!
      Ficamos felizes em saber, pois nossa intenção era justamente essa!
      Afinal, quando chegamos lá também não sabíamos tanto do que é o Alasca de verdade! :)
      Beijos

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