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Spot

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Grand Canyon – 2 Dias Para Vencer o Gigante

Ficha 4×1

Data: 05/11/2012 à 08/11/2012

Saímos de: Las Vegas, Nevada – Estados Unidos

Distância total: 440 km

Onde dormimos: Descanso merecido no Bright Angel Campground, no fundo do canyon. Depois de duas noites no conforto de um hotel (Best Western) em Grand Canyon Village, acampamos no fundo do canyon.

Pneu Cheio: Desbravando uma das sete maravilhas do mundo. A beleza e grandiosidade do Grand Canyon são de tirar o fôlego.

Destino final: Grand Canyon, Arizona– Estados Unidos

Tempo de viagem: Cerca de 5 horas

O que comemos de bom: Packer`s Stew, o ensopado dos mochileiros. Muita carne de por e vaca, ao molho de tomate, dentro de um pão sorodough. É para matar a fome depois de uma trilha.

Pneu murcho: Não leve pêssego em caldas na sua trilha. Não sabíamos o quanto poucos quilos a menos nas costas pode fazer toda a diferença.

Trajeto: Alguns km pela US-93 e as primeira placas para o Grand Canyon aparecem.Seguimos até a estrada estadual AZ-64 até Grand Canyon Village, já dentro do parque.

Grand Canyon National Park – 2 Dias Para Vencer o Gigante

Enfim, chegamos ao topo! Estávamos exaustos. Em dois dias, descemos ao fundo do canyon mais famoso do mundo e subimos de volta todos os 1600 m de altura. Trouxemos na bagagem belas fotos e novas amizades.

446 km de comprimento, até 29 quilômetros de largura e 1.600 metros de profundidade. O Grand Canyon impressiona por sua grandiosidade e também por suas combinações únicas de cores e formas. Como em todos os parques que visitamos nos Estados Unidos, este também possui estrutura bastante organizada de visitação, com diversas trilhas sinalizadas e centros de informação para os visitantes (Visitor Center). Foi em um deles que aprendemos sobre as trilhas, o que ofereciam e a dificuldade que traziam. Nossos olhos brilharam quando descobrimos que algumas delas levavam à parte inferior do gigante, às margens do Rio Colorado. E que ainda era possível passar a noite lá embaixo! Não tínhamos dúvida, encontramos nosso programa para aos próximos dias.

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O Gigante

A preparação

1) Permissões. Há duas opções para quem quer passar a noite no fundo do canyon. Lá embaixo está localizado o Phantom Ranch Lodge, uma pousada que oferece quartos relativamente simples, refeições pré-agendadas e até mesmo um bar. O preço é um tanto quanto salgado, mas acaba sendo a única opção para quem quer um banho e uma cama quentinha depois de uma longa caminhada. Preferimos a segunda opção: o Bright Angel Campground, onde há espaços reservados para acampar à beira do rio. Mais em conta, mais rootz, mas incrementa ainda mais a experiência, na nossa opinião.

O primeiro passo então foi conseguir uma permissão obrigatória para acampar no parque. No caso do fundo canyon essa permissão custa US$10 por espaço, mais US$5 por pessoa e pode ser conseguida no Backcountry Information Center. As vagas no fundo canyon são limitadas e por isso aconselha-se conseguir as permissões com antecedência.

2) Equipamentos. A Tana pode ser grande, mas não comporta tudo que gostaríamos de ter trazido para cinco pessoas. A verdade é que não tínhamos um equipamento adequado para acampar fora das nossas barracas automotivas. Precisávamos de barracas para acampar, isolantes térmicos para o chão, além de mochilas maiores e mais confortáveis para carregar o peso das comidas para os próximos dias, além das próprias barracas que precisaríamos levar. Alguns de nós queriam até bastões de caminhada para dar aquela força na trilha. Felizmente, dentro do próprio parque nacional, há serviço de aluguel de equipamentos de camping com tudo que se possa imaginar. Todo o equipamento que alugamos nos custou cerca de US$100.

3) Compras. Frutas, sementes, sanduíches e água. Este último é um dos itens mais importantes na mochila, uma vez que em boa parte da trilha os pontos de abastecimento de água já não funcionavam por conta do inverno. O calor no canyon é forte e desitração é um assunto que se leva a sério no parque. Os rangers vão recomendar inúmeras vezes a quantidade de água que é preciso para cada trajeto, assim como onde as garrafas podem ser enchidas.

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Infinidade de montanhas

A programação

Depois de muita conversa com os rangers do parque, o roteiro estava programado. A longa caminhada exigia que chegássemos de manhã cedo no Backcountry Information Center, de onde partem ônibus expressos para diversas trilhas do parque. A ideia era completar a descida antes do anoitecer.

Há duas trilhas que levam ao fundo do canyon pela parte sul do parque (South Rim): a South Kaibab Trail e a Bright Angel Trail. Não é nada recomendado fazer qualquer uma dessas trilhas em dia, muito menos as duas no mesmo dia, uma vez que o trajeto de ida e volta somaria cerca de 27 km de descida e subida. O ideal, portanto, é dormir lá embaixo mesmo e seguir no dia seguinte com as baterias renovadas.

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South Kaibab Trail

Escolhemos descer pela South Kaibab Trail devido a sua inclinação acentuada. Era melhor fazermos esta trilha descendo que subindo. Chegaríamos no fim da tarde ao acampamento, junto ao Rio Colorado, onde prepararíamos nossas barracas para passar a noite. A volta seria pela Bright Angel Trail, igualmente cansativa, porém menos inclinada.

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Bright Angel Trail

As trilhas

1) South Kaibab Trail – Dizem ser a trilha com as melhores vistas panorâmicas do parque e pelo que vimos, não duvidamos nada. Do Skeleton Point, há uma bela visão 360º do canyon. São 11.3 km de caminhada do topo do canyon ao Bright Angel Campground, em uma descida de quase 1600 metros, sendo o caminho mais rápido para chegar ao Rio Colorado. Porém, há pouca sombra e nenhuma fonte de água até o final da trilha. Durante os meses de inverno, a constante exposição ao sol mantém a maior parte da trilha relativamente livre de gelo e neve. Durante o verão, não se recomenda subir a trilha devido à falta de água e o calor intenso que faz no caminho.

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Não poderia faltar…

 

2) Bright Angel Trail – Esta é considerada uma das melhores e mais seguras trilhas do parque. São pouco mais de 15 km de belas paisagens e uma boa caminhada. Muito bem conservada, a trilha oferece estações de água potável ao longo do caminho, além de telefones de emergência e diversos pontos de descansos, onde inclusive se pode acampar. Além disso, há rangers localizados no ponto médio da trilha (Indian Garden) e também no fundo do canyon, próximo ao Bright Angel Campground. Seu nome vem do brilho que emana das gigantescas formações rochosas quando o sol ilumina a região.

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Belas paisagens por todo caminho

Dia 1 – A descida, as francesas e o descanso merecido

Equipamento alugado, água e comida compradas, mochilas preparadas. Cada um tinha cerca de 15 kg nas costas quando partimos para o Backcountry Information Center, de onde tomaríamos um ônibus expresso até a entrada da South Kaibab Trail. Os ônibus que circulam pelo parque são bastante úteis, tornando prática a locomoção para as diversas trilhas e pontos de observação do canyon.

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Ônibus expresso para a trilha

Na entrada da trilha, uma parada para usar o banheiro e encher nossas garrafas de água, uma vez que só encontraríamos o próximo ponto de água potável 11 km a frente, no destino final. Respiramos fundo e começamos a caminhada que prometia ser longa.

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Ainda inteiros, antes da descida

O Skeleton Point (2.4 km à frente) é a primeira parada oficial, com uma vista imperdível da paisagem para todos os lados. Até ali a caminhada estava tranquila, mas alguns quilômetros mais de sol na cabeça e descida inclinada, e as mochilas já começaram a pesar. Trouxemos comida o suficiente para pelo menos 4 refeições nos próximos dois dias, além de das barracas e das garrafas d’água, ainda cheias na descida. Paramos para almoçar logo após atingirmos o Tipoff, uma parada de descanso, com banheiros, depois de 4 km de trilha. Encontramos uma sombra entre as pedras e preparamos nosso lanchinho: sanduíches de atum e de frango com salada. A fome era tanta que os sanduíches estavam mais gostosos que nunca. Ao mesmo tempo em que comíamos, lutávamos para assustar os esquilos que tentavam abocanhar um pedaço da nossa comida.

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Parada para foto

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Vista do Skeleton Point

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Ficaríamos horas apreciando o visual

De barriga cheia, seguimos a descida. Não é a toa que o Grand Canyon é uma das sete maravilhas do mundo. A paisagem que acompanha a caminhada é realmente impressionante. Paramos diversas vezes para tirar uma foto diferente de um ângulo diferente no caminho. Foram mais 7 km depois do Tipoff até atingirmos a margem do Rio Colorado. Atravessamos a ponte suspensa sobre o rio, e finalmente atingimos o Bright Angel Campground.

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Enfim, o Rio Colorado

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Ponte de acesso ao campamento

O camping tem espaços organizados com uma mesa grande e caixas fechadas para armazenar comida. É importante guardar alimentos e também os restos nas caixas, uma vez que os animais e seu olfato apurado estão sempre pelas redondezas. Os banheiros são relativamente limpos, mas não há chuveiros no acampamento. Encontramos um espaço à beira do rio, armamos nossa barraca para passar a noite e preparamos um lanchinho.

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Casinha preparada

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Devoramos os lanches depois da descida

O relógio marcava algo por volta das 17 horas quando chegamos ao nosso destino. Depois de arrumadas a barracas, começamos a busca por algo para passar o tempo. Estávamos cansados, mas ainda estava muito cedo para dormirmos. Foi quando um ranger passou pela nossa barraca para checar a permissão para acampar. Simpático, logo começou a puxar conversa. De repente,  a pergunta: “Vocês tem comida?”. A princípio não entendemos o porquê da pergunta, mas o fato é que tínhamos comida, e bastante! Depois de jantarmos, percebemos que trouxemos bem mais que precisaríamos. Ele continuou: “Porque tem um grupo de francesas ali atrás que não tem comida! Fica a dica!” Não pudemos deixar de dar risada.

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As melhores companhias para a trilha

Foi assim que conhecemos as francesas: ChaCha, Suzie, Johanna e Camille. Jogavam algum tipo de jogo a luz de velas quando passamos pela sua barraca para puxar um papo. “Bonsoir”, gritamos para quebrar o gelo. Pelo visto, também buscavam alguma maneira de passar o tempo lá embaixo, e o que melhor que bater papo para resolver o problema? Conversa vai, conversa vem e o papo se estendeu com taças de vinho em um bar localizado junto ao lodge a alguns metros do acampamento. As francesas vieram passar alguns meses nos Estados Unidos, e tocavam um projeto relacionado à arquitetura, sua formação. Em paralelo, aproveitavam para conhecer um pouco mais da terra do tio Sam. Pouco tempo de conversa e já conversávamos como se fôssemos íntimos. Éramos grandes amigos que apenas tinham acabado de se conhecer.

Dia 2 – A subida, as risadas e o topo conquistado

A subida começou cedo, por volta das 9 horas, depois de um café-da-manhã bastante reforçado. Convidamos as francesas para o café, porém, elas pensavam em sair mais cedo, uma vez que seguiriam viagem no mesmo dia, assim que chegassem ao topo. Ficou combinado que as encontraríamos no caminho.

Mochilas mais leves ajudaram na subida. Boa parte da nossa comida estava já no estômago e não era necessário carregar muita água, já que há diversos pontos de abastecimento pela Bright Angel Trail. O visual era tão bonito quanto ou talvez até mais que na descida do dia anterior. Diferente da South Kaibab Trail, um verde das plantas e o som de fontes naturais de água acompanhavam as enormes falésias. Há muito mais sobra e ar fresco no caminho, que ainda é menos inclinado que o anterior.

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O começo da volta

Depois de cerca de 8 km de trilha, chegamos a um óasis em meio às pedras, com muitas árvores e água abundante. Era por volta das 13 horas quando paramos no Indian Garden. A perna cansada do dia anterior pedia sossego de vez em quando mas pudemos seguir tranquilos o caminho todo, parando quando necessário. Deixamos para almoçar na próxima parada (Three-Mile Resthouse), 3 km adiante. Afinal, nosso café foi bem servido, e ainda não havíamos encontrado as francesas ainda. “Será que elas subiram correndo?” Estávamos andando relativamente rápido, já ficando cansados e mesmo assim ainda não as tínhamos alcançado.

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O encontro no 3-mile resthouse

Foi quando nos aproximávamos do ponto onde iríamos almoçar que ouvimos as conversas em francês. Finalmente as encontramos. Achávamos que isso não ia mais acontecer, afinal o ritmo delas estava deixando o nosso no chinelo. A partir daí, o cansaço de toda caminhada era compensado pela conversa e pelas risadas que compartilhamos até o topo.

Ah, o topo!! Um sorriso sincero surgiu de cada um que chegava ao fim da trilha. Depois de 2 dias de caminhada, quase 30 km de trilha, voltamos à parte superior do Grand Canyon. Um jantar era tudo que precisávamos para celebrar a conquista do topo e as novas amizades que fizemos no caminho. Não sabíamos, mas papo vai, papo vem, e a expedição ganharia companhia para os próximos dias.

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Isso que é vista!

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