Ficha 4×1
Data: 05/07/2012 à 11/07/2012
Saímos de: Barreirinhas-MA
Destino: Belém-PA, passando por São Luís-MA
Distância: 1.074 km (277 km até São Luís e 797 km até Belém)
Tempo de viagem: Fizemos o trecho Barreirinhas-São Luís em aproximadamente 6 horas com as paradas. O trecho São Luís-Belém nos consumiu cerca de 13 horas.
Trajeto: Saímos de Barreirinhas-MA pela MA-402 até alcançar a BR-135 que leva à São Luís. A estrada é asfaltada e apresenta boas condições. Continuamos posteriormente pela BR-135, saindo de São Luís-MA, e em Miranda do Norte-MA deveríamos pegar a BR-222, que ligaria à BR-316, a qual segue direto até Belém-PA. No entanto, por desatenção nossa, passamos Miranda do Norte-MA e andamos 64 km até a BR-316, em um ponto menos adiantado em relação ao outro. De lá, seguimos direto à Belém-PA. A BR-316 apresenta alguns buracos no trecho maranhense e melhora no trecho paraense, porém apresenta pouca sinalização, dificultando dirigir pela noite.
Onde dormimos: Belém Soft Hotel, na Av. Braz de Aguiar, muito bem localizado no Centro da capital paraense. Opção interessante a preços acessíveis a quem vai passar uns dias em Belém. Também passamos duas noites no Classic Praia Hotel em São Luís do Maranhão, em frente à Praia do Calhau.
O que comemos de diferente: Pato no Tucupi e outras delícias regionais no Lá em Casa, o mais respeitado restaurante especializado na cozinha paraense. Um dos pontos altos da nossa passagem em Belém foi, sem dúvida, a diferenciada culinária local.
Pneu cheio: Fim de tarde na Estação das Docas: ótima comida, lindo visual e um ambiente absurdamente aconchegante. Não foi por acaso que passamos boa parte do nosso tempo em Belém neste lugar. Delícias típicas, sorvete Cairu e Amazon beer. Tudo em um lugar surreal, à gostosa brisa do Rio Pará.
Pneu murcho: Buzinas e mais buzinas. O trânsito em Belém nos lembrou algumas vezes de um belo dia de semana no trânsito em São Paulo.
São Luís (MA) – Belém (PA) – Beleza, Cultura e Culinária
A Rota das Emoções foi uma das experiências mais intensas da viagem até aqui. Bom enquanto durou, mas a Expedição segue viagem. Saímos de Barreirinhas-MA, nos Lençóis Maranhenses após o almoço e seguimos em direção à São Luís-MA, onde faríamos uma breve parada antes de seguirmos à Belém-PA, a Cidade Morena.
Foram 6 horas de estrada até chegarmos à capital do Maranhão, momento em que a noite já começava a cair. Como toda metrópole, não poderíamos deixar de enfrentar o trânsito na entrada da cidade, significativamente intensificado pelo fato de estarmos cruzando a capital em plena hora do rush. Atravessamos a Avenida dos Holandeses até encontrarmos a orla da praia do Calhau, onde buscamos um local para passar a noite. Fomos muito bem recebidos pelo Classic Praia Hotel, estrategicamente localizado em frente à praia.
São Luís seria o local onde faríamos a primeira revisão da nossa querida Tanajura. Como de praxe, nossa companheira deveria passar por esse ritual ao chegar aos 10.000 km de idade. Saímos de São Paulo com seu hodômetro em aproximadamente 2.750 km e atingimos os 10.000 km ao chegarmos na cidade. Depois de um pouco de conversa com a concessionária Nissan Entreposto, conseguimos encaixar a Tanajura em um horário no mesmo dia. Passamos a manhã e a tarde praticamente inteira acompanhando a revisão e tirando algumas dúvidas com o pessoal da concessionária, que foi bastante solícito com as nossas perguntas incessantes.
Tanajura revisada e de banho tomado, seguimos para uma volta no centro histórico da cidade. Andamos tranquilamente pelas ruas, enquanto admirávamos a beleza arquitetônica do local. Os azulejos e os detalhes que enfeitavam a fachada dos sobrados davam um charme especial àquela bela cidade. Tiramos umas boas fotos do Palácio dos Leões (sede do governo do estado), do Palácio de La Ravardière (sede da prefeitura), da Catedral de São Luís e dos muitos outros prédio interessantes que compunham o centro histórico. Ao longo do passeio, não era raro escutar ou ver cartazes de shows de reggae. Não é à toa que a cidade recebe a alcunha de “Jamaica Brasileira”.
À noite, não poderíamos deixar de prestigiar a tradicional festa do Bumba-meu-boi, que ainda acontecia na cidade. Montada em um espaço aberto ao lado da lagoa da Jansen, a festa proporcionava apresentações de dança típicas, além de diversas barraquinhas de comida regional. Apreciamos o espetáculo ao sabor de uma bela torta de carangueijo, acompanhada de arroz de cuxá (arroz temperado com camarão), vatapá e farofa.
Com o nosso calendário apertado, decidimos seguir viagem já no dia seguinte para Belém do Pará. A capital paraense é bastante conhecida pelo Círio de Nazaré, que leva milhões de romeiros todo segundo domingo de outubro para a maior manifestação religiosa católica do Brasil e maior evento religioso do mundo. Mas Belém tem muito mais a oferecer. A cidade morena oferece uma gama variada de atrativos culturais e turísticos, que nos supreenderam pela beleza e conservação.
Nos primeiros dias na cidade já aprendemos um ponto importante da realidade local. Em Belém, chove-se todo dia no inverno (Jun-Nov) e o dia todo no verão (Dez-Mai). É realmente impressionante, a regra não falha. Não escapamos um dia sem tomar uma chuvinha que seja.
Fomos acolhidos pelo pessoal do Belém Soft Hotel, que gentilmente nos ofereceu abrigo e nos entreteteu com boas conversas. Com o hotel centralmente localizado na Avenida Braz de Aguiar, tínhamos acesso fácil aos atrativos da cidade.
Tivemos o prazer de sermos acompanhados durante nossos passeios pela dona Rosália, tia do Bruno. Nativa da cidade, ela tinha na ponta da língua os detalhes dos pontos de interesse que deveríamos visitar e nos acompanhava com muita simpatia. Além diso, ofereceu-nos um almoço em sua casa com deliciosos pratos típicos da região, uma delícia! Foi lá que provamos pela primeira vez o verdadeiro açaí, o original do Pará! Completamente diferente do ques estávamos acostumados, até estranhamos no começo. Precisamos de bastante açúcar para amenizar o sabor amargo que trazia à boca. Bastante mesmo! Ainda misturamos uma farinha de tapioca para complementar a iguaria.
Começamos o roteiro por um dos principais pontos de interesse da cidade – o mercado Ver-o-Peso. Uma infinidade de barraquinhas vendiam os mais diversos produtos. Além das frutas da região (taperebá, murici, buriti, açaí, etc) e da famosíssima castanha do pará, o que nos chamou bastante atenção foram os compostos medicinais baseados em ervas da Amazônia. Para qualquer problema, havia um produto que o resolvesse. Anti-cancerígeno, anti-pedra no rim, anti-queda de cabelo, anti-tudo. O conhecimento local da utilidade das plantas amazônicas é um segredo passado de geração à geração, e muitas vezes é guardado a sete chaves. Ainda que seja difícil de acreditar na eficácia de alguns dos produtos, seguramente há muitos deles que são efetivos, dado a sondagem constante de grandes laboratórios na região.
Como não poderia deixar de ser, compramos castanhas e frutas antes de seguirmos o passeio em direção ao complexo Feliz Lusitânia. Feliz Lusitânia é a denominação usada por colonizadores portugueses para o núcleo inicial da cidade e atualmente constitui um complexo turístico situado na região mais antiga do município de Belém do Pará, o bairro da Cidade Velha.
Dentro do Palacete das Onze Janelas, acomodamo-nos em um restaurante bastante sofisticado, com uma bela vista para o Rio Pará, onde provamos um delicioso caldo de camarão com jambú e comemos bolinhos de camarão com catupiry. Ali é um bom lugar para se passar a tarde e jogar conversa fora, que foi exatamente o que fizemos. Saindo de lá, visitamos o Forte do Presépio, onde se paga uma taxa simbólica para entrada. O lugar tem uma bela vista da cidade, em cima da muralha rodeada de canhões que guardavam a costa paraense contra os invasores holandeses e franceses no século XVII.
Ao lado do forte, está a charmosa Praça D. Frei Caetano, ponto central do complexo Feliz Luistânia. Ao seu redor, pode-se visitar a Catedral da Sé, de onde partem as peregrinações do Círio e também o Museu de Arte Sacra. Dentro do Museu, pudemos observar a riqueza de detalhes do altar em madeira da Igreja de Santo Alexandre, uma obra-prima.
Depois de um dia gostoso no centro histórico, Dona Rosália ainda nos levou para o Pólo Joalheiro. O prédio, que até 2001 era um presídio, abriga hoje um pólo cultural que engloba o Museu das Gemas do Estado e a Casa do Artesão. Pode-se observar os joalheiros trabalhando em suas peças ao vivo. As gemas coloridas provenientes da Amazônia dão um toque especial às jóias produzidas ali.
Na nossa opinião, não há lugar melhor em Belém para se passar o tempo que a Estação das Docas. Inaugurada em 13 de maio de 2000, o lugar é um complexo turístico e cultural construído ao longo da orla fluvial do antigo porto de Belém. Charmoso e com ótimos restaurantes, é extremamente aconchegante. Passamos boa parte do nosso tempo em Belém por ali, jogando conversa fora à brisa do rio e experimentando o melhor da culinária local. A melhor lembrança que guardamos de Belém foi curtir uma música ao vivo (de uma banda que tocava em uma plataforma móvel, transitando pela Estação, como um movedor de cargas no antigo galpão do porto), observando o fim de tarde à beira do rio, com um delicioso sorvete Cairu em mãos. Aliás, não se pode deixar de experimentá-lo em Belém. Comíamos um ou dois por dia e não chegamos nem perto de enjoar. As opções são infinitas e muito diferentes, principalmente com os sabores das frutas locais. Taperebá se tornou nossa furta predileta.
Também na Estação das Docas, tivemos o provilégio de experimentar uma grande variedade de pratos típicos do Pará no Lá em Casa, um dos mais tradicionais restaurantes da região e o mais o mais conhecido em termos de culinária paraense. A sugestão da casa foi o menu paraense, uma sequência de sabores com o melhor que o Pará tema oferecer. Para começar, é servido um suco de fruta regional como, por exemplo, taperebá. Em seguida, há casquinha de caranguejo e patinha à milanesa, um pedacinho de pirarucu frito e uma farofinha, e salada de feijão manteiguinha de Santarém. Numa cuia, é servido molho de leite de coco para regar as entradas. O prato principal inclui os tradicionalíssimos pato no tucupi e maniçoba. Acompanhados de arroz branco e farinha de mandioca, os dois são servidos em panelinhas de barro. Em paralelo, ainda tinha espaço para mais um prato, uma deliciosa sequência de peixes locais. Para fechar a degustação, sorvete de frutas regionais como cupuaçu ou bacuri, acompanhados de tapioca e também de uma deliciosa goiabada com mussarela de búfala. Dá gosto só de lembrar! Arriscamos dizer que essa foi a melhor refeição da nossa viagem até aqui.
Tiramos um dia na cidade para fazer um roteiro que pode ser feito à pé, próximo à região onde estava localizado o nosso hotel. Começamos por uma visita ao belo Theatro da Paz, um dos mais luxuosos do país, construído no auge do ciclo da borracha. Depois, seguimos ao Museu Paraense Emílio Goeldi, a mais antiga instituição de pesquisa na região amazônica, onde é possível observar diversos animas da fauna amazônica. Onças, tartarugas, tucanos e muitos animais estão em exposição no parque. Ali vimos pela primeira vez o jacaré-açu, maior espécie de jacaré do mundo, exclusiva da região Amazônica. O bicho pode chegar até 6 metros de comprimento, é gigantesco! Ficamos imaginando se encontrássemos um deles nas passagens de barco que pretendíamos fazer pela Amazônia. O city tour seguiu com a bela Basílica de Nazaré e o Parque das Residências, local recomendado para uma gostosa caminhada.
Um outro local imperdível na cidade é o Mangal das Garças. O parque ecológico é uma síntese do ambiente amazônico em pleno coração da capital paraense. Animais e plantas típicas da região adornam o local, que possui uma belíssima vista da cidade.
Consumimos boa parte do nosso tempo em Belém pesquisando sobre o envio da Tanajura para Manaus. Passamos por incontáveis empresas de transporte fluvial para cotar preços e conhecer as condições em que nossa amiga viajaria pelo Rio Tapajós. Foi uma correria um tanto quanto estressante, mas necessária. Acabamos ficando mais tempo do que prevíamos na cidade a fim de esperar o navio que levaria a Tanajura a Manaus. Esta história toda é um capítulo à parte que vamos deixar para outro post.
Belém nos supreendeu bastante pelo volume de atrativos culturais que a cidade tem a oferecer ao turista, além da diferenciada culinária local. Passamos vários dias na capital paraense e ainda sim ficou aquele gostinho de quero mais. Pegamos nosso último Cairu com gosto e seguimos viagem para Manaus. Não tínhamos menor ideia do que esperar de uma viagem de 6 dias de navio pela região amazônica. Vamos descobrir.
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10 Comentários
Muito legal. Fiquei com água na boca só pela descrição das comidas. Mas gostei mesmo foi da foto dessa sobremesa, que parece três pães de queijo com sorvete no meio.
Que sobremesa é essa? Me pareceu muito gostosa, fiquei curioso pra saber o que é.
Ah, e me desculpe se vocês já falaram no meio do texto, pois não encontrei.
Ae Pachecão!! A sobremesa é um sorvete de cupuaçu com bolinhos de tapioca, sensacional!!!! Abração!
E ai Galera! Parabéns pelo relato detalhado . . . realmente o norte do Brasil é muito diferente do sul/sudeste . . . e muito interessante! Continuem curtindo e compartilhando conosco! Ah! Ficamos no mesmo lugar em São Luis – nem acredito! = )
Oi Grace!!! Que coincidência!! As nossas viagens estão conectadas de alguma maneira =) Beijão!
Meninos, que fotos lindas, to adorando acompanhar a viagem de vocês.
Parebéns pelo site, está incrível e continuem postando novidades!
Beijão
Oi Flavinha!! Muito obrigado pelo comentário =) É sempre muito legal pra nós saber que os amigos nos acompanham =) Beijão e até a volta!!
QUANTA COISA INTERESSANTE, QUE MARAVILHA!!!!!!
SEI DE ALGUÉM QUE DEVE TER FICADO SATISFEITO DE VER O FLIHO ENCONTRANDO SUAS RAÍZES PARAENSES. CERTO!
COMO CONSEGUIRAM A FOTO AÉREA DO PARQUE ECOLÓGICO?
BJS
Oi Geyza!! Uma maravilha mesmo o nosso Brasil! A foto foi tirada de cima de um mirante que tem lá, super legal o parque por sinal!! Beijos
Fala ae galera!! Já estava ansioso para o próximo post!!! Fico impressionado com a cultura brasileira!! Realmente muito bacana!!! Forca e energia positiva,. Abs
Fala Lucas! Que bom que gostou, valeu ae pelas energias positivas e nos desculpe pela demora para responder =)