Ficha 4×1
Data: 09/11/2012 à 15/11/2012
Saímos de: Flagstaff, Arizona – EUA (Grand Canyon)
Distância total: Total: 837 km (Flagstaff à Las Vegas: 411km; Las Vegas à Los Angeles: 426 km)
Onde dormimos: Las Vegas: hotel Circus Circus. Los Angeles: mais uma vez o Daniel foi nosso anfitrião!
Pneu Cheio: A grande celebração do encontro entre novas companheiras com amigos de longa data.
Destino final: Los Angeles, Califórnia – EUA (com parada em Las Vegas, Nevada)
Tempo de viagem: Total: quase 8 horas. Aproximadamente 4h em cada trecho.
O que comemos de bom: Saudáveis sopas, sanduíches e sobremesas no Urth Caffe em Santa Monica.
Pneu murcho: O descaso e a intransigência do segurança pós-jogo do Lakers que nos impediu de retornar para buscar o boné do Gabriel, incorrendo na perda do mesmo. Atitudes inflexíveis e “bitoladas” como essa nos perseguiram em diversas ocasiões durante a passagem pelos EUA.
Trajeto: Na saída de Flagstaff percorremos um curto trecho pela famosa Route 66 e logo apanhamos a I-40 rumo a Oeste até perto de Nevada onde apanhamos a US-93 para o Hoover Dam. De lá apanhamos a US-93 e a I-215 sentido Las Vegas. De Las Vegas para Los Angeles fomos basicamente pela I-15.
O retorno à “fabulosa” Las Vegas e à cinematográfica Los Angeles já não tinha o mesmo propósito. Conversas, risadas, questionamentos e reflexões eram os ingredientes que se misturavam à programação recheada de esportes, pendências e programas mais caseiros. Em Los Angeles revivemos os bons momentos dos tempos áureos de República!
Estávamos imundos. Ventos fortes começavam a soprar um ar gelado juntamente com as nuvens carregadas no céu. Eram indícios de que uma forte chuva estava prestes a cair. Mas nada nos tirava o sentimento de realização quando chegamos novamente ao topo do imponente Grand Canyon após aqueles dias de trilha exaustiva. As francesas nos haviam acompanhado pelos quilômetros finais e decidimos ir jantar todos juntos ali mesmo dentro do parque. Era nossa primeira refeição reforçada nos últimos dois dias e, seguindo a tradição francesa, pedimos umas taças de vinho para comemorar. Numa mistura de inglês, francês e até italiano, nos esforçávamos em derrubar a barreira linguística que havia nos prendido durante os primeiros dias de conversa ainda dentro do Canyon. E com o passar das horas nos sentíamos cada vez mais entrosados!
Teríamos ainda mais uma noite ali no Grand Canyon e nosso próximo compromisso era no LAX (Los Angeles International Airport), dali a dois dias, para buscarmos nosso grande amigo e ex-companheiro de República: Renatinho. Já estávamos prestes a pagar a conta quando surgiu delas a proposta que mudaria nossos destinos para os próximos dias: “Por que vocês não vêm conosco para Las Vegas?”
Recém-formadas em arquitetura, Camille, Charlotte (‘Cha Cha’), Suzy e Johanna (a única engenheira da turma) aproveitaram as férias, pós-término da faculdade, para realizarem algumas entrevistas investigativas com arquitetos da costa oeste americana. Ao voltarem para a França, a ideia é consolidarem todo o material coletado e juntar com o de outras amigas, da mesma associação que fundaram, e que realizaram as mesmas entrevistas só que em outros países. E apesar de suas entrevistas estarem concentradas na região de San Francisco, elas aproveitavam os quase 3 meses que teriam para também darem um giro pelos parques e cidades no badalado oeste americano.
Longe de ser o destino o qual teríamos vontade de voltar um dia, ainda mais tão brevemente, víamos nesse retorno a Las Vegas uma oportunidade de estreitarmos ainda mais nossa amizade com as meninas e de viver uma experiência diferente da primeira. Com amigas de nacionalidade e realidades diferentes das que estávamos acostumados.
E assim foi…Elas seguiram para Vegas ainda naquela noite e nós seguimos para nosso hotel ali na região.
No dia seguinte, a caminho de Las Vegas, pararíamos para apreciar uma das obras de engenharia de maior orgulho para os americanos: o Hoover Dam. Concluída em 1935 por mais de 5.000 mil funcionários, a barragem que fica dentro do rio Colorado (na divisa dos estados de Nevada e Arizona) foi eleita, durante as décadas de 30 e 50, uma das mais altas barragens e maiores hidrelétricas do mundo. Planejada com o intuito inicial de evitar enchentes nas plantações ao Sul da Califórnia provocadas pelo rio Colorado, a barragem promoveu o desenvolvimento do sudoeste americano. E, hoje, provê água e energia para plantações e importantes cidades como Phoenix (AZ), Las Vegas (NV) e nos arredores de Los Angeles (CA). (Benefícios para uns, nem tanto para outros… Descobrimos em visitas recentes que a barragem provocou a diminuição da vazão natural do rio Colorado no Golfo da Califórnia, no México, aumentando, assim, a salinização das águas do mar de Cortés e interferindo em algumas espécies naturais)
Chegamos a Las Vegas no final da tarde e ao cair da noite nos encontramos com as francesas. Como já éramos “experts” na cidade, elas nos pediram para ditar o roteiro. Fizemos o tour básico: passamos por dentro dos principais casinos, paramos para jantar em um restaurante fora do “rol do glamour” e assistimos o balé de águas dançantes da famosa fonte do casino Bellagio. Encerramos a noite com muita música, conversas e risadas em um animado bar da região.
No dia seguinte, antes da partida, fomos todos juntos almoçar num restaurante recomendado por uma senhora colombiana, que havíamos conhecido semanas antes numa trilha dentro do Zion Park. Longe de ser um excelente restaurante, o Green Valley Ranch possuía um variado Buffet a um preço excelente! Chegamos lá por volta das 13h e logo nos servimos. O clima estava leve e era como se as conhecêssemos há anos! Falamos sobre nossas diferenças culturais, contamos piadas, frases engraçadas de cada país e aprendemos jogos franceses. Foi aí que, de repente, fomos interrompidos pela gerente do restaurante. Muito sem graça, a moça nos abordou pedindo-nos, cordialmente, se poderíamos desocupar a mesa. Olhamos os relógios e…Caramba! Ficamos ali por quase 5 horas!!! Não nos demos conta, mas já eram quase 18h e a fila lá fora para o jantar já estava enorme. Pedido justíssimo! Além disso, ainda iríamos dirigir mais de 3 horas e meia até Los Angeles para buscar o Renatinho. Precisávamos nos apressar. E junto com aquele pedido chegava o duro momento das despedidas… Adeus?! Tchau?! Até breve?! Era difícil, pois sabíamos que dificilmente iríamos nos encontrar novamente. Ainda mais todos juntos. E com um passo para trás elas se afastavam um pouco da gente. Trocaram algumas palavras entre elas e voltaram até a gente: “Pensamos em ir com vocês para Los Angeles! O que acham?” – disse uma delas. “Sério!?” – respondemos surpresos antes de concluir: “É claro que pela gente tudo bem!”. Ficamos muito contentes! Elas explicaram que além de continuarmos por mais uns dias aquele clima gostoso, elas poderiam aproveitar a passagem na capital mundial do cinema para entrevistar alguns arquitetos de lá, antes de seguirem para seus compromissos em San Francisco. Muito legal! Seria a primeira vez que viajaríamos juntos ao lado de outra “expedição”. Ainda mais da nossa idade, com propósitos similares e características complementares às nossas!
Partimos para Los Angeles, pois se não nos atrasaríamos para buscar o Renatinho. E antes do nosso reencontro em Los Angeles, as meninas passariam aquela noite, e a manhã do dia seguinte, no Death Valley (o chamado ‘vale da morte’). Chegamos ao LAX por volta das 21h50 e o Renato já nos aguardava. Seguimos de lá para a casa de nossos “anfitriões-mor”: o Daniel e sua cadelinha Brie que, dessa vez, além de receberem a Expedição e o Renatinho, ainda contava com a visita da irmã do Daniel: a Lara. J Já se passavam quase 3 meses desde nosso encontro com o Daniel e mais de 5 meses que havíamos estado com o Renato, na casa de seus pais em Patrocínio-MG (nossa primeira parada após a saída de São Paulo). Eram muitas histórias, curiosidades e novidades a serem colocadas em dia. E a conversa invadiu a madrugada…
Vale ressaltar que as conversas foram, sem dúvida, o ponto alto de nossa passagem por Los Angeles. O que vivemos hoje é justamente um momento de transição em nossas vidas e carreiras e era gostoso ouvir cada um falar sobre suas perspectivas atuais. Como 4 de nós, o Renatinho também havia trabalhado no mercado financeiro e agora atuava como pesquisador pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), ligada à USP. Ele nos contava alegre sobre estar fazendo algo que realmente o motivava e sobre ter uma vida mais tranquila. Discorreu também sobre a possibilidade de vir a realizar (num futuro próximo) um doutorado com bolsa na Universidade de Ilinois – motivo o qual o trazia até ali nos EUA e que permitiu ir nos visitar. O Daniel também comentou sobre o bom momento que estava passando em Los Angeles após todos esses anos morando ali. Comentou sobre suas expectativas de emprego e suas pesquisas atuais junto à California State University, onde havia se graduado e comparou com seus anos de pesquisas quando ainda cursava a Universidade de Pernambuco (UPE). Sua irmã Lara, que assim como as francesas também estudava arquitetura, havia aproveitados as férias de sua universidade em Pernambuco para aprimorar seu inglês. E foi assim… Falamos sobre os novos cenários econômicos do Brasil para os próximos anos e falamos de sonhos e perspectivas. Mas também contamos piadas e assistimos vídeos do Youtube.
Era papo de jovens. Que, embora provenientes de nacionalidades diferentes e com histórias de vida diferentes, viviam momentos de vida similares. E mais importante, possuíam em comum a angústia e os ideais que todos os jovens possuem. Em qualquer geração ou em qualquer parte do mundo.
E tudo isso se mesclava em meio a nossa pacata, mas intensa programação durante aqueles dias em Los Angeles. No domingo fomos assistir a vitória tranquila do Los Angeles Galaxy, de David Beckham e Landon Donavon, sobre o Seattle Sounders, pela final da conferência oeste da liga de futebol dos EUA. (futebol do nosso, é claro, paixão entre brasileiros e franceses )
E em outra ocasião fomos testemunhar o esporte em que os americanos são realmente bons: o basquete. O Staples Center foi o palco onde pudemos presenciar o espetáculo de Kobe Bryant nas quadras. Eleito por inúmeras vezes MVP (most valuable player – melhor jogador) da NBA (associação norte-americana de basquete) o jogador foi novamente eleito o melhor da partida, mas ainda sim não foi o suficiente para impedir a derrota por dois pontos do Los Angeles Lakers para o San Antonio Spurs – onde coincidentemente jogam o francês Tony Parker e o brasileiro Tiago Splitter. As francesas bem que gostaram da vitória de seu conterrâneo e principal jogador do Sant Antonio. Já nós…bem, o Tiago Spliter que nos perdoe, mas estávamos mesmo é torcendo pro show do Kobe.
Os dias em LA também tiveram uma “pegada” gastronômica! Fizemos um almoço ‘em português’ no super agradável Urth Caffe (em Santa Monica) e levamos o Renato e as francesas para comer na tradicional lanchonete californiana In-n-Out. Também fizemos um picnic, com futebol, sob o magnífico pôr do sol da praia de Venice Beach. O momento era especial, pois era a primeira vez que o Renato punha os pés no Pacífico! E terminamos a noite num bar ao ar livre, no topo de um hotel, ali mesmo em Venice. Deu tempo até para darmos uma volta com o Renatinho pelo downtown Los Angeles e por Hollywood antes que ele pegasse o voo dele de volta para Chicago. Afinal, ele não poderia ir embora de LA sem ver a calçada da fama e o famoso Dolby Theater, onde ocorre a premiação do Oscar. Faz parte, né!
E no meio disso tudo, ainda reservamos um tempinho para resolvermos algumas pendências antes de seguirmos para terras Mexicanas! A primeira delas foi na Nissan, ali de Los Angeles, onde nossa Tanajura completava 30 mil km rodados e passaria por uma revisão completa. Isso mesmo, ‘passaria’. Acontece que logo após o êxtase inicial de verem uma Frontier brasileira por ali, e ainda mais toda equipada, os gerentes e mecânicos da Nissan perceberam que a Tana era à Diesel – diferente dos modelos americanos, à gasolina. E aí residia o problema. Entendemos que as diferenças de combustível acarretem diferenças técnicas de manutenção de cada veículo. Mas isso não justifica o carro sair da loja praticamente como entrou. Eles afirmarem não saber onde estaria o filtro de combustível (algo que depois mostramos onde estava) e ainda alegarem não ser capazes de alinhar e balancear as rodas, nos levava a crer que estávamos mais uma vez enfrentando um lado muito negativo da cultura americana. Afinal, o que aqueles itens tem a ver com o tipo de combustível usado no veículo!? Nada. Fato é que, ainda que pudéssemos desconfiar que as desculpas pudessem estar associados a alguma política da Nissan, nossas experiências pela terra do Tio Sam nos levavam a crer que não era isso. Pois aquela mesma postura seca, em cima do muro e inflexível era algo que nos incomodou em diversas situações em nossa passagem pelos EUA. Tão recente quanto esse caso havia sido a postura intransigente e autoritária do chefe da segurança pós-jogo do Lakers. Pedimos, justificamos, e propusemos diversas formas de ele deixar o Gabriel voltar ao seu assento onde havia ficado seu boné. Havíamos sido uns dos últimos a saírem do ginásio naquela noite e ainda na porta de saída foi que o Gabriel se deu conta que o boné havia ficado embaixo do seu assento. Em 2 minutos voltando ao assento o boné estaria recuperado. O segurança garantiu que a equipe de limpeza encontraria e levaria aos “achados-e-perdidos” (afinal, esse era o procedimento padrão) deixando-nos somente a alternativa de registrarmos lá os nossos contatos. As francesas ficaram inconformadas com tal postura. Nós estávamos acostumados. Já, o boné, nunca mais apareceu.
Mas esses episódios não melariam nossa super agradável passagem por Los Angeles. Aqueles eram nossos últimos dias nos EUA e em breve estaríamos de novo em terras latinas!
Era então chegado nosso último dia depois de quase uma semana viajando juntos. Quando de repente as francesas propuserem que… hehehe… não, dessa vez era realmente o fim desse capítulo. E logo de manhã ela nos prepararam um super completo café da manhã à moda do país anfitrião daquele inusitado encontro franco-brasileiro. Era a forma perfeita de dizermos adeus e celebrarmos todos aqueles inspiradores momentos em que estivemos juntos.
Elas seguiram norte rumo à San Francisco e nós seguiríamos a sul, a caminho de San Diego para um ajuste final no guincho da Tanajura. E, apesar de nossos caminhos tomarem direções diferentes, os rumos que nossas vidas seguiriam ainda seriam os mesmos: a busca da realização de nossos sonhos!
Ao Daniel, Lara, Renato, Camille, ChaCha, Johanna e Suzy, nosso carinhoso agradecimento pelo prazer de suas companhias ao longo desses maravilhosos dias. E um até breve!
Clique em Las Vegas ou Los Angeles para ver mais fotos de nossa segunda passagem por essas cidades.
4 Comentários
Estou encantada com a viagem de vcs e querendo desesperadamente fazer uma similar! Hahahaha! Os relatos estão ótimos, os textos muito bons também! Parabéns pela iniciativa, pois não é qualquer jovem que deixa um início de carreira para realizar um sonho e fazer esse tipo de viagem que vcs estão fazendo. Acompanharei a viagem até o fim. Bjs
Oi Isabela!! Nós é que ficamos encantados com o seu desejo de fazer uma viagem similar!! =)
Muito obrigado pelos elogios! Querendo ou não esse é o nosso trabalho…e o reconhecimento dos nossos leitores conta muito para nós!!
Continue nos acompanhando e escrevendo!
Beijos dos 5!
Show de bola! Muito bom ver e acompanhar tudo . . . amizades pelo caminho e a maravilha do Grand Canyon. Tudo de bom! Parabéns! = )
Valeu Grace!! Realmente as amizades que fazemos enriquecem muuuuito a experiência!